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Em NY, ativistas do Pussy Riot pedem 'Rússia sem Putin'
Madonna apresenta integrantes de banda punk em sua primeira grande aparição pública após deixarem prisão
Maria e Nadezhda não cantam, mas leem falas de presos políticos; em carta, outros membros do grupo criticam show
Na primeira grande aparição pública após deixarem a prisão, as integrantes do Pussy Riot Nadezhda Tolokonnikova, 24, e Maria Alyokhina, 25, usaram o palco do Barclays Center, em Nova York, anteontem à noite, para "exigir" a saída do presidente russo, Vladimir Putin, do poder.
Com a "bênção" de Madonna, que foi ao show organizado pela ONG de direitos humanos Anistia Internacional só para apresentar as duas, Nadezhda e Maria fizeram o estádio lotado gritar, em coro: "A Rússia vai ser livre".
O "clamor" veio a menos de dois dias do início da Olimpíada de Inverno no país.
"Não vamos perdoar ou esquecer o que o regime [de Putin] está fazendo aos nossos compatriotas. Então exigimos uma Rússia livre, uma Rússia sem Putin", disse Nadezhda em russo, sob aplausos.
Com cruzes estampadas nas roupas, as ativistas --presas sob as acusações de "vandalismo" e "ódio religioso" após fazer uma "oração punk" contra Putin numa catedral ortodoxa de Moscou-- não cantaram no evento.
Mas usaram o mesmo tom estridente pelo qual a banda punk ficou conhecida para denunciar a situação em seu país. Em uma espécie de jogral, Nadezhda e Maria leram por dez minutos trechos das falas de outros presos políticos em tribunais da Rússia.
Condenadas a dois anos de prisão em 2012, as duas foram soltas em dezembro de 2013, após a Rússia decidir anistiar 20 mil presos políticos antes da Olimpíada de Inverno. Outra integrante que também havia sido presa, Yekaterina Samutsevich, 31, estava em liberdade condicional.
Madonna também criticou Putin e afirmou ter recebido várias ameaças de morte por realizar um "show gay" na Rússia, dois anos atrás.
CRÍTICAS
Após o evento da Anistia, seis outros integrantes do Pussy Riot acusaram, em carta, Nadezhda e Maria de distorcer os ideais do grupo. Para eles, vender ingressos para shows "contradiz os princípios do Pussy Riot". O ingresso mais barato para o concerto custava US$ 35, mas os valores chegavam a US$ 65.
"Somos um coletivo feminino separatista", diz a carta, publicada no blog do grupo. O texto ressalta que o grupo "nunca aceitou dinheiro em suas ações" e que "só promove ações ilegais em locais públicos inesperados".
Em outro trecho, a carta diz que Nadezhda e Maria não integram mais o Pussy Riot.
"Perdemos duas amigas, mas o mundo ganhou duas valentes ativistas de direitos humanos", afirma o texto.