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Papa cria ministério de finanças do Vaticano

Francisco quer reforçar combate à corrupção

REINALDO JOSÉ LOPES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O papa Francisco decretou ontem a criação de uma espécie de superministério da Economia para o Vaticano, medida vista como importante para aumentar a transparência da administração da Santa Sé, afetada por denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro.

Para criar a Secretaria de Economia, com status de dicastério (equivalente aos ministérios dos governos seculares), Francisco publicou um "motu proprio". Trata-se de um documento pontifício que aborda questões mais pontuais do governo da Igreja Católica, diferentemente das encíclicas, por exemplo.

A secretaria ficará a cargo do cardeal australiano George Pell, arcebispo de Sydney. Francisco também criou um Conselho de Economia, formado por oito religiosos, entre cardeais e bispos, e sete leigos "de várias nacionalidades, com competência financeira e reconhecido profissionalismo", diz o texto. O conselho terá o papel de formular diretivas para o funcionamento da secretaria.

Por fim, um órgão já existente, a Apsa (Administração do Patrimônio da Sé Apostólica), assume formalmente o papel de Banco Central do Vaticano, e surge o cargo de auditor-geral de toda essa estrutura, cujo ocupante ainda será nomeado pelo papa.

A julgar pela expressão latina usada para batizar o documento, a intenção de Francisco é reforçar o discurso de "tolerância zero" diante da corrupção no Vaticano.

O título do "motu proprio" é "Fidelis Dispensator et Prudens" ("administrador prudente e fiel"), citação de um trecho do Evangelho de Lucas no qual Jesus compara os seus seguidores fiéis a um funcionário que cuida diligentemente dos bens de seu patrão --e lembra que os que traírem essa confiança serão severamente punidos.

O papa também ressaltou que uma gestão mais habilidosa dos bens do Vaticano facilitará seu objetivo de ajudar "os mais necessitados".

No novo documento, não há menção explícita ao IOR (Instituto para as Obras de Religião), conhecido como "banco do Vaticano". O IOR, que funciona como instituição privada, tem um histórico de denúncias de corrupção desde o pontificado de João Paulo 2º.

"O IOR continua a ser objeto de estudo e reflexão, mas seu status não foi alterado por esta reorganização, que tem um horizonte muito mais amplo", declarou o porta-voz papal, Federico Lombardi.

A própria Apsa, agora promovida a Banco Central, não escapou dos escândalos.

O monsenhor Nunzio Scarano, alto funcionário do órgão que passou a ser chamado de "Monsenhor 500 Euros" por pagar as contas em dinheiro com notas de valor alto, foi colocado em prisão domiciliar no mês passado, acusado de tentar trazer € 20 milhões (R$ 64 milhões) ilegalmente da Suíça à Itália.

DESDE BENTO 16

As tentativas de criar uma cultura de transparência financeira no Vaticano começaram com Bento 16. Segundo o jesuíta americano Thomas Reese, do jornal "National Catholic Reporter", ele foi responsável por submeter as finanças da Santa Sé ao Moneyval, comitê da UE responsável por monitorar casos de lavagem.


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