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Minha História Anna Stoycheva, 31

Quero ser Russa

Moradora da Crimeia comemora chegada de tropas de Moscou e diz que irá votar pela anexação da região ao país vizinho

LEANDRO COLON ENVIADO ESPECIAL À CRIMEIA (UCRÂNIA)

RESUMO Nascida em 1982 em Krasnoperecopsk, uma pequena cidade a 120 quilômetros de Simferopol, Anna Stoycheva, 31, vive na capital da Crimeia e trabalha numa empresa de recrutamento de funcionários. Moradora da União Soviética até sua dissolução, em 1991, ela diz ter medo do "extremismo" do novo governo da Ucrânia e afirma que, no próximo dia 16, vai votar pela anexação da Crimeia à Rússia.

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No referendo do próximo dia 16, vou votar pela anexação da Crimeia à Rússia. Não temos outra opção.

É o único jeito de escapar da perseguição que vamos sofrer do governo extremista que assumiu a Ucrânia após as manifestações recentes.

Por isso, essas tropas da Rússia que estão chegando são bem-vindas. Nos protegem. São nossos irmãos.

Eu respeito e gosto do presidente Vladimir Putin. É inteligente e sabe que precisamos dele. Precisamos de sua ajuda. Precisamos que a Crimeia seja parte da Rússia. Eu preciso que seja assim.

A maioria aqui pensa desta maneira também, posso garantir. E vamos aprovar a anexação.

Moro e trabalho numa empresa de recrutamento de funcionários, e meu marido é comerciante. Temos um filho de dois anos.

Nasci no dia 8 de dezembro de 1982, em Krasnoperecopsk, uma pequena cidade aqui na península, a 120 quilômetros de Simferopol.

Até meus 7, 8 anos, vivi dentro da União Soviética, fui uma criança soviética.

Para nós, da Crimeia, era bom, porque estávamos mais próximos de nossa origem.

Em Krasnoperecopsk, a língua que todos falam é o russo. Acho que pelo menos metade dos 30 mil moradores são de origem russa.

Meu pai nasceu lá também, assim como meu irmão.

Já a minha mãe nasceu na cidade de Zaporójia, bem maior, no sul da Ucrânia, com o sobrenome Zub.

Embora tenha mais ucranianos do que a Crimeia, as pessoas lá também preferem conversar em russo.

Meus bisavós por parte de mãe nasceram na Crimeia e, por parte de pai, na Bulgária --vieram para cá antes da Primeira Guerra Mundial.

CULTURA E HISTÓRIA

Eu sei falar, escrever e ler em ucraniano, porque a Crimeia faz parte da Ucrânia. Mas na minha casa quando criança e hoje com minha família, em Simferopol, só conversamos em russo. É nossa cultura, nossa história.

Aqui na Crimeia, na verdade, sempre nos sentimos na Rússia, entretanto nunca tivemos muitos problemas desde 1991, quando a Ucrânia ficou independente.

Por ser a Crimeia uma república autônoma, conseguíamos ser respeitados e ir tocando a vida. Ucranianos e russos sempre foram irmãos, nunca quisemos guerra.

Antes dessa revolução em Kiev, nada nos ameaçava. Tínhamos uma vida estável. É essa a palavra: estabilidade, nem lembravam da gente.

Economicamente até acho que vivíamos melhor na União Soviética, porque tínhamos mais desenvolvimento por sermos de origem russa.

A maioria aqui na Crimeia votou neste presidente da Ucrânia que tiraram, o Viktor Yanukovich. E agora estamos com medo.

EXTREMISTA

O novo governo é extremista, nacionalista, e quer acabar com os russos. Sabemos disso. É uma questão cultural também, não só política.

Temo pela minha família, pelos meus amigos. Se continuarmos como parte da Ucrânia, não sei o que pode acontecer com a população de origem russa da região. Pode ocorrer uma guerra? Sim, pode, claro. É esse o meu medo.


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