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Governo americano criou 'Twitter cubano'

Segundo informou a Associated Press, americanos recolhiam dados de mensagens e queriam estimular dissidentes

Casa Branca nega que programa tenha sido encoberto; usuários não sabiam da origem da rede, extinta em 2012

DE SÃO PAULO DA ASSOCIATED PRESS

O governo dos Estados Unidos foi responsável pela criação de uma rede social para cubanos, revelou ontem a agência de notícias Associated Press.

Segundo a AP, o objetivo do chamado ZunZuneo --alusão ao nome dado pelos cubanos ao beija-flor-- era fomentar a oposição ao regime cubano pela comunicação em rede.

Em Cuba, o acesso à internet é controlado pelo governo, mas o ZunZuneo funcionava também via SMS, e o número de usuários, que não sabiam do vínculo com os EUA, chegou a 40 mil.

Ainda segundo a AP, prestadores de serviços terceirizados pelos americanos recolhiam mensagens e informações pessoais dos usuários para, possivelmente, utilizá-las com fins políticos.

De acordo com a agência de notícias, o ZunZuneo, que funcionou de 2010 a 2012, era operado por companhias de fachada secretas e financiado por bancos estrangeiros para que a participação dos Estados Unidos fosse encoberta.

O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, confirmou que a rede fazia parte de uma política americana para ajudar os cubanos a se comunicarem, mas negou a tentativa de escondê-lo. "Sugestões de que se tratava de um programa encoberto são erradas", disse Carney ontem.

Segundo ele, programas implementados em ambientes não permissivos, como Cuba, são levados com discrição pelo governo. "Isso não é único para Cuba", afirmou.

Carney disse ainda que o Escritório de Supervisão do Governo revisou o programa em 2013 e o considerou dentro da lei. O porta-voz explicou que o dinheiro investido foi debatido no Congresso.

A informação da AP é de que o montante de US$ 1,6 milhão gasto com o ZunZuneo era parte de uma verba reservada a um projeto não especificado no Paquistão, de acordo com dados oficiais.

"O propósito era criar uma plataforma para os cubanos falarem livremente entre si e ponto", disse Matt Herrick, porta-voz da Usaid (Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA), responsável pela criação da rede.

O projeto começou a ser desenvolvido em 2009, depois que os EUA tiveram acesso -- provavelmente de forma ilícita, segundo a AP-- a cerca de 500 mil números de celulares cubanos e passaram a enviar-lhes notícias sobre esportes, clima e entretenimento para engajá-los na rede social.

"Como eu poderia ter percebido [a participação dos EUA]? Não havia uma placa dizendo bem-vindo ao ZunZuneo, por cortesia da Usaid'", disse à AP Ernesto Guerra, um usuário cubano.

O ZunZuneo foi lançado pouco depois da detenção, em Cuba, do prestador de serviços americano Alan Gross, lançando suspeita sobre seu envolvimento no caso, o que a Casa Branca negou.

Ele foi detido depois de viajar repetidamente ao país em uma outra missão clandestina da Usaid, para expandir o acesso à internet usando tecnologia confidencial, que apenas governos empregam.

A Usaid informou que o ZunZuneo parou de funcionar em 2012, quando as verbas do governo para o projeto acabaram. Segundo a AP, agentes cubanos chegaram a identificar a origem das mensagens e tentaram invadir a rede, o que teria levado os EUA a cortar o serviço.

Até a conclusão desta edição, o governo cubano não havia comentado o caso.

USAID

Criada em 1961 para dar assistência a programas humanitários, a Usaid tem um histórico de operações controversas na América do Sul.

No Brasil, a agência financiou um seminário, em 2005, sobre a reforma política, realizado no Congresso Nacional. A ideia era fazer o evento coincidir com a discussão no Legislativo, mas houve um esforço para que a organização do evento parecesse local, e não americana.


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