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Presidente russo ameaça cortar gás de países europeus
Em carta, Putin diz que pode suspender fornecimento do produto via Ucrânia devido à falta de pagamento
Otan denuncia tropas russas na fronteira com Ucrânia; manifestantes do leste têm ultimato para desocupar prédios
O presidente Vladimir Putin avisou que os países europeus poderão ficar sem o gás natural da Rússia em razão da dívida da Ucrânia.
Cerca de um terço do gás usado pela Europa vem da Rússia e parte dele transita por território ucraniano. O governo de Kiev contraiu desde novembro uma dívida de US$ 2,2 bilhões (R$ 4,8 bilhões) pelo gás que consome.
Em carta a 18 líderes europeus, divulgada ontem pelo Kremlin, o dirigente russo diz que, diante da dívida, vai exercer um artigo no contrato entre os dois países segundo o qual, em caso de atraso de pagamento, o gás só será liberado mediante a quitação antecipada.
"No evento de novas violações das condições de pagamento, [a Rússia] vai cessar completa ou parcialmente a entrega de gás", diz a carta. Putin admite, porém, que seria uma "medida extrema".
Em reação, o Departamento de Estado dos EUA condenou "os esforços da Rússia de usar energia como uma ferramenta de coerção contra a Ucrânia".
A questão energética tem sido usada por Putin de acordo com a conveniência política do momento. Em dezembro, ele anunciou ajuda energética à Ucrânia, como forma de proteger o então presidente e seu aliado, Viktor Yanukovich, deposto em fevereiro.
Agora, ameaça cortar o gás do país, que, desde 2009, consumiu 147 bilhões de metros cúbicos vindos de território russo com um desconto de US$ 35 bilhões.
A crise entre os dois países ganhou novos capítulos no fim de semana, quando o leste ucraniano virou foco de manifestações pró-Rússia.
O governo ucraniano deu um ultimato para que ativistas deixem até hoje os prédios ocupados das cidades de Donetsk e Lugansk em troca de não serem processados.
A Otan (aliança militar ocidental) divulgou imagens de satélite com tropas russas próximas à fronteira com a Ucrânia. As potências ocidentais afirmam que Moscou está por trás das ações no leste do país, o que Putin nega.