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Venezuela prende 243 estudantes e desfaz acampamentos opositores
Operação ocorreu na madrugada de ontem em Caracas; manifestantes protestavam contra Maduro
Audiência que decidiria sobre soltura de líder oposicionista é adiada; mortes desde início dos protestos chegam a 42
Centenas de integrantes da Guarda Nacional da Venezuela e policiais dissolveram quatro acampamentos de estudantes que protestavam contra o governo e prenderam 243 pessoas em Caracas, na madrugada de ontem.
Montados havia mais de um mês para protestar contra o presidente Nicolás Maduro, os acampamentos se concentravam diante do escritório da ONU na capital.
O ministro do Interior da Venezuela, Miguel Rodríguez, disse que os 243 detidos seriam encaminhados à Justiça e afirmou que, na ação, foram apreendidos "drogas, armas, explosivos, morteiros, gás lacrimogêneo, tudo o que utilizam diariamente para enfrentar as forças de segurança".
Segundo estudantes, policiais dispararam para o alto durante a operação e bateram em alguns jovens. Não foi divulgado o total de feridos.
De acordo com a mídia venezuelana, há 18 menores de idade entre os presos, e os familiares insistem para que o governo divulgue uma lista completa dos jovens detidos.
As prisões foram anunciadas horas antes do adiamento de uma audiência judicial do líder oposicionista Leopoldo López, preso desde fevereiro sob a acusação de incitar a violência nos protestos.
A audiência decidiria o indiciamento de López ou sua libertação --condição levantada pela MUD (Mesa da Unidade Democrática, a coalizão oposicionista) para retomar o diálogo com o governo Maduro, cujas reuniões a portas fechadas também foram adiadas para a semana que vem.
"Hoje a Justiça injusta se escondeu. O que temem? A verdade? Sabem que devo sair em liberdade", declarou o líder opositor ontem, segundo a conta de seu partido, o Vontade Popular, no Twitter.
Ontem, autoridades anunciaram a morte de um policial atingido por um tiro durante protesto em Chacao, o que eleva para 42 o total de mortos desde o início das manifestações no país, em fevereiro.
POSSÍVEIS SANÇÕES
O confronto surge no momento em que o Congresso dos EUA discute sanções econômicas contra os líderes venezuelanos. Segundo a secretária-adjunta de Estado para a América Latina, Roberta Jacobson, os EUA não descartam as sanções, mas preferem dar mais tempo ao diálogo entre Maduro e a oposição.
A secretária-adjunta falou ontem ao Comitê de Relações Exteriores do Senado, onde um projeto de lei com sanções poderá ser votado nas próximas semanas. Jacobson teria dito que líderes da MUD pediram à Casa Branca que não impusesse sanções à Venezuela, o que a coalizão nega.
Ainda ontem, o Vaticano anunciou que seu secretário de Estado, Pietro Parolin, irá nos próximos dias à Venezuela para participar do diálogo.