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ONU critica repressão a protesto venezuelano
Porta-voz do órgão responsável por direitos humanos vê força excessiva para desmontar acampamentos anteontem
Ação deixou 243 presos; comissão da Câmara dos EUA aprova projeto que prevê sanções a membros do governo
A ONU criticou ontem o uso excessivo da força por parte do governo da Venezuela para desalojar uma série de acampamentos que protestavam em Caracas contra o presidente Nicolás Maduro.
A retirada aconteceu anteontem e deixou 243 presos, na maioria estudantes.
A entidade disse também ter recebido denúncias sobre falta de informações relativas ao paradeiro dos detidos como consequência da remoção dos acampamentos.
"Condenamos de maneira inequívoca a violência, de todas as partes, na Venezuela, mas estamos especialmente preocupados com as informações acerca do uso excessivo de força pelas autoridades", declarou em Genebra o porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos, Rupert Colville.
Um dos acampamentos ficava na frente da sede da ONU na capital venezuelana. A retirada provocou a saída de manifestantes às ruas para protestar, disse o porta-voz.
Colville reiterou o apelo ao governo para que garanta que as pessoas não serão punidas por exercerem seu direito de reunião e de liberdade de expressão, de forma pacífica.
A ONU questionou que a maioria dos detidos tenha sido conduzida a instalações militares. Também reclamou do fato de haver 18 menores entre entre eles, incluindo uma grávida. Ontem, 12 menores e mais quatro deficientes auditivos foram liberados.
O porta-voz afirmou, ainda, que causa inquietude o fato de que os ataques sejam usualmente iniciados por homens armados posicionados dentro e em torno das universidades venezuelanas.
Ele disse que a alta comissária de direitos humanos da ONU, Navi Pillay, está pedindo novamente a Maduro diálogo com a oposição.
SANÇÕES
Ontem, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados dos EUA aprovou um projeto de sanções contra responsáveis pela repressão na Venezuela --sem, contudo, nominá-los.
A votação foi aplaudida por venezuelanos que assistiam à votação no Congresso.
O projeto pretende punir membros do governo de Maduro envolvidos com prisões arbitrárias e abusos aos direitos humanos. A punição envolve revogação de vistos para os EUA e congelamento de contas bancárias no país.
Deputados democratas também votaram a favor das sanções, apesar de o governo Barack Obama ser contrário.
O projeto ainda precisa ser votado no plenário da Câmara e depois no Senado. Não está claro se o governo conseguirá bloquear as sanções.
"Agora andam [os americanos] com essa estupidez de que vão nos punir. Estúpidos! Mandem as sanções. O povo de Bolívar não se deixa parar por sanções de nenhum império", declarou Maduro durante evento ontem, em resposta à votação americana.
A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, disse que pedirá à Assembleia Nacional medidas recíprocas contra os congressistas americanos. (RAUL JUSTE LORES)