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Paródia de clipe leva seis à prisão no Irã

Três rapazes e três moças são acusados de obscenidade por terem dançado juntos, ao som de rapper americano

Detenção, que durou algumas horas, foi vista como uma represália ao presidente, que defende acesso livre à internet

SAMY ADGHIRNI DE TEERÃ

A polícia do Irã prendeu um grupo de jovens por dançar e cantar num vídeo caseiro postado na internet em abril passado como parte de uma campanha mundial para reproduzir o clipe da música "Happy", do rapper americano Pharrell Williams.

Após mobilização nas redes sociais que incluiu o próprio Pharrell, os jovens acabaram libertados sob fiança. O diretor do vídeo, porém, continua preso, segundo militantes de direitos humanos.

A captura do grupo foi amplamente vista como demonstração de força dos conservadores do regime contra o aumento das liberdades defendido pelo presidente Hasan Rowhani, que condenou a ação policial.

A TV estatal anunciou as detenções na noite de terça-feira (20) e exibiu imagens de três rapazes e três moças de costas para a câmera.

A polícia disse que o clipe era "obsceno" e violava a "castidade social", uma aparente referência ao fato de os jovens terem ferido a lei que proíbe contato físico entre pessoas do sexo oposto sem vínculo familiar. Algumas das moças no vídeo aparecem sem véu, o que também é proibido pela versão iraniana da sharia (lei islâmica).

O clipe foi filmado com smartphones e postado no YouTube atendendo a incentivos de Pharrell para que fãs do mundo inteiro copiassem seu vídeo no qual pessoas comuns de vários tipos e idades aparecem alegres, dançando em locais públicos.

Houve várias cópias de "Happy" feitas por iranianos, mas não está claro se outras prisões ocorreram.

Numa suposta confissão exibida pela TV estatal, um dos jovens presos contou, sem mostrar o rosto, ter sido ludibriado pelo diretor que garantiu, segundo ele, possuir as devidas permissões de filmagem. Uma das detidas relatou, com voz de choro, que o responsável pela filmagem havia prometido não divulgar o vídeo.

A ação causou revolta nas redes sociais, banidas no Irã, mas amplamente acessadas graças a programas antifiltro. "Vocês não podem nos impedir de ser felizes", disse uma iraniana na campanha #freehappyiranians que se alastrou pelo Twitter. Pharrel publicou uma mensagem de apoio: "é mais do que triste que estes garotos sejam presos por propagar felicidade."

Num claro sinal das lutas internas na cúpula do regime, Rowhani usou o Twitter para dizer que a "felicidade é um direito das pessoas".

Apesar de o vídeo ter sido postado há três semanas, a prisão só ocorreu depois de um discurso de Rowhani pregando mais liberdades individuais, o que reforça a tese de que o presidente pode ter sido o real alvo da ação.

No ultimo fim de semana, Rowhani disse, durante encontro com profissionais do setor tecnológico, que a internet deve ser vista como uma "oportunidade" e um "aumentador de eficiência".

No fragmentado e complexo sistema iraniano, o presidente tem poderes limitados. Questões morais competem ao Judiciário e ao aparato de segurança, controlados por conservadores que enxergam aberturas como derrotas diante da pressão ocidental.

Veja o vídeo
youtu.be/tg5qdIxVcz8


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