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Análise - Cuba

Cubanos vivem expectativa do 'dia zero' para a unificação das moedas do país

PAVEL VIDAL ESPECIAL PARA A FOLHA

Todas as expectativas sobre a reforma monetária cubana estão depositadas no chamado "dia zero". Diversas resoluções do Ministério das Finanças e Preços foram publicadas no mês passado mencionando ações para a unificação monetária, mas sem especificar a data em que elas entrariam em vigor.

As resoluções fazem referência a um "dia zero" como o momento no qual começariam a vigorar as decisões de política monetária, cambial e fiscal que têm por objetivo acabar com os mais de 20 anos de dualidade monetária em Cuba.

A expectativa é que, nesse "dia zero", aconteça uma desvalorização significativa da taxa oficial de câmbio do peso cubano para o setor empresarial (atualmente, de um para um com relação ao dólar dos Estados Unidos) e que saia de circulação o peso conversível (CUC), para que assim o peso cubano seja restabelecido como unidade monetária exclusiva.

A reforma monetária acarretará custos e tensões em curto prazo, em termos de inflação e para os balanços das estatais.

Mas também gerará benefícios, porque reforçará a competitividade de preços do setor aberto ao comércio externo, promoverá avaliação mais precisa e transparente dos ativos, reduzirá os custos de transação associados à existência de duas moedas e promoverá maior integração da economia com os mercados internacionais e o investimento estrangeiro.

Com a eliminação da dualidade monetária, o governo cubano estará também flexibilizando os preços do atacado e varejo.

EFEITO REDISTRIBUTIVO

Dessa forma, a desvalorização da moeda não afetará apenas o câmbio nominal, mas também o real, provocando efeitos redistributivos imediatos. A política fiscal tentará amortizar parte dos custos iniciais da desvalorização, de acordo com as resoluções publicadas.

As empresas com capital internacional também se interessam pelo "dia zero", porque já é sabido que a reforma monetária não as exclui.

As empresas mistas e estrangeiras deverão publicar seus balanços em pesos cubanos, bem como efetuar pagamentos, deter contas bancárias e denominar dívidas em pesos cubanos, para que possam se relacionar com o restante da economia do país.

Não se sabe exatamente o que acontecerá com as contas bancárias familiares denominadas em pesos conversíveis no "dia zero". Ainda assim, os cidadãos começaram a se desfazer de seus ativos em pesos conversíveis para comprar moedas estrangeiras ou pesos cubanos.

As autoridades econômicas cubanas têm a seu favor o controle sobre os fluxos de capital, especialmente das empresas e bancos estatais, que formam a maior parte da economia.

Por isso, são menores as opções de saída ou entrada maciça de capital na economia cubana com fins especulativos, excluídos alguns episódios pontuais de substituição de moedas nas carteiras familiares de investimento.

Uma projeção factível quanto à data do "dia zero" seria janeiro do ano que vem. Não há informações que confirmem essa avaliação --apenas a alta probabilidade conferida a essa escolha pelo ciclo de planejamento anual da economia.

Considerando o grande peso das estatais na economia cubana e a presença do plano anual como mecanismo central de controle e alocação de recursos, é muito possível que esteja tudo preparado para que o plano de 2015 seja lançado em janeiro com uma só moeda.

Esses e outros temas referentes à reforma cubana serão acompanhados trimestralmente no "Economic Trend Report" (ver o site www.cubastandard.com).


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