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Análise

Caso desperta medos mais profundos do Estado judeu

ANSHEL PFEFFER DO "GUARDIAN"

Em uma sociedade pequena e unida, onde a família significa tudo, as pessoas vivem coladas a seus telefones celulares e o trauma é uma memória sempre presente, o prospecto de uma criança ser sequestrada por palestinos é um terror indizível. E sim, nesse contexto, "criança" também pode significar um soldado de 20 anos com rifle nos ombros.

Para os israelenses, o pesadelo do telefone do filho tocando, sem resposta, faz cair por terra toda a autoconfiança que os cidadãos do Estado judeu construíram para si mesmos.

Esse medo se baseia em uma psique nacional que define Israel para sua maioria judia --um país fundado e com toda uma força militar criada de forma que nenhuma criança judia jamais fosse capturada e levada embora em segredo novamente. Nenhum outro argumento político ou realidade se aplica aqui. No que importa para os israelenses, esse é o propósito central de Israel.

O fato de o país ser uma superpotência tecnológica com uma das mais fortes forças militares do mundo não importa. E nem o certo e o errado sobre o conflito com os palestinos, com o grande desequilíbrio entre um Estado soberano e uma população ocupada que sofre múltiplas injustiças e humilhações. Entre os 18 dias e meio entre o sequestro de Naftali Frenkel, Gilad Shaar e Eyal Yifrach e a descoberta de seus corpos no norte de Hebron, quase todo pai ou mãe israelense botou a política de lado e se colocou no lugar daquelas três mães e daqueles três pais.

Quase toda criança ou adolescente israelense se imaginou no carro que eles dirigiam naquela noite. Em algum lugar de suas mentes estava o pensamento de que esse foi só mais um capítulo na longa história dos judeus como vítimas e os palestinos são apenas a mais recente encarnação de seus algozes, por mais absurdo que isso soe para quem está de fora.

Ame-se ou odeie-se Israel, esse é o centro da questão. Não se pode começar a compreender sua sociedade sem entender isso. Os israelenses se sentiram profundamente insultados por parte da mídia internacional que pareceu minimizar o sequestro, ou, ao descrever os adolescentes como "colonos", estar os colocando dentro de um contexto político.

Para os israelenses, essa não foi apenas mais uma rodada de violência em um ciclo que nunca tem fim; foi uma tragédia nacional e também a epítome de uma luta atemporal.


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