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Após ser detido, Sarkozy é acusado de corrupção e tráfico de influência

Ex-presidente francês passa o dia sendo interrogado por investigação de sua campanha em 2007

É a primeira vez na história moderna do país que um ex-chefe de Estado fica sob custódia da polícia francesa

GRACILIANO ROCHA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA EM PARIS

O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy (2007-2012) foi detido provisoriamente nesta terça (1º) pela polícia francesa para depor, ao longo de 15 horas, em um inquérito que apura se ele montou uma rede clandestina de tráfico de influência.

Depois, ele foi levado a um juiz de instrução no Tribunal de Grande Instância de Paris. Após mais três horas, por volta das 2h locais desta quarta (2), o ex-presidente foi liberado, e a Justiça anunciou que o acusou formalmente de corrupção ativa, tráfico de influência e de violação de sigilo profissional.

É a primeira vez que um ex-chefe de Estado francês enfrenta uma prisão provisória desde o início do período conhecido como 5ª República, em 1958, quando se aprovou a atual Constituição do país.

Ele se apresentou na manhã de terça em uma delegacia especializada em crimes financeiros em Nanterre, cidade colada ao oeste de Paris. Não foi algemado.

Pela lei, Sarkozy poderia ficar em detenção provisória por 24 horas, prorrogáveis pelo mesmo período.

Na segunda (30), o advogado do ex-presidente, Thierry Herzog, e dois magistrados da da Corte de Cassação (instância mais alta da Justiça francesa), Gilbert Azibert e Patrick Sassoust, também foram detidos para depor.

Sarkozy e seu advogado Herzog foram indiciados sob a acusação de prometer a Azibert um cargo no principado de Mônaco em troca de informações sigilosas da investigação sobre um caixa dois da campanha presidencial de 2007, supostamente abastecido pelo ditador deposto líbio Muammar Gaddafi.

No curso da investigação, Sarkozy e Herzog tiveram os telefones grampeados com autorização da Justiça e passaram a se comunicar com celulares registrados em nomes de terceiros.

Foi a partir da captura de diálogos nestes aparelhos que surgiram os indícios de tráfico de influência no Judiciário.

Em caso de condenação, o crime é punido com até dez anos de prisão e multa de € 150 mil (R$ 450 mil).

"Nós contestamos a legalidade destas escutas, que violaram o sigilo entre cliente e advogado", disse ontem à noite Paul-Albert Iweins, que defende Herzog.

O caso é um revés para a possível volta de Sarkozy como candidato à sucessão do socialista François Hollande, em 2017. "A cada vez que se fala do retorno político dele acontece um episódio judiciário, como se quisessem impedi-lo", disse o deputado Sébastien Huyghe, da UMP (União para um Movimento Popular), partido de Sarkozy.

O porta-voz do governo socialista, Stéphane Le Foll, disse que o Judiciário age com independência e que o ex-presidente é "um cidadão como qualquer outro".

A líder da legenda de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen, disse que a detenção de Sarkozy representa "a decomposição da vida política francesa e o colapso definitivo da UMP".

O caso da detenção provisória ainda não é o fim da linha para Sarkozy, segundo Madani Cheurfa, secretário-geral do Centro de Estudos Políticos da Sciences Po. "Não dá para dizer que a carreira dele acabou. Os franceses têm memória curta em casos de corrupção", disse Madani à Folha.


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