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Todos os problemas do presidente

Além das dificuldades internas, Obama é pressionado a adotar posições mais duras na política externa, com crise em vários fronts

ISABEL FLECK DE NOVA YORK

Enquanto as crises entre Israel e Gaza e na Ucrânia não davam sinal de arrefecimento, o presidente dos EUA, Barack Obama, visitava a Costa Oeste, participando por três dias de eventos com doadores de campanha em Seattle, San Francisco e Los Angeles.

A decisão do democrata de manter o cronograma interno em meio às duas crises não passou incólume pela oposição, que denunciou o aparente descaso do presidente.

Obama vem sendo "empurrado" cada vez mais para a agenda externa, não só pelas crises na Ucrânia e no Oriente Médio, mas pelo impasse sobre o programa nuclear com o Irã, a violência no Iraque e na Síria e os problemas na transição de poder no Afeganistão, que podem atrapalhar seus planos de retirada.

Até uma grave crise interna sem solução ""a do aumento das crianças imigrantes--, que vem sendo chamada de o "[furacão] Katrina de Obama", teve que "dividir" a atenção do presidente com o caos externo neste momento.

"É um desafio ao pressuposto básico de Obama sobre política externa: fazer menos é quase sempre o caminho mais sábio", afirma David Adesnik, do American Enterprise Institute, conservador.

O secretário de Estado John Kerry já saiu em defesa de Obama, alegando que a atual turbulência internacional "não é culpa" do presidente.

Para Kori Schake, da Hoover Institution, porém, as escolhas de Obama falharam em trazer a nova ordem internacional que ele defende: "Sua abordagem é recuar esperando que outros países avancem e que façam as escolhas que ele faria. Nenhuma dessas hipóteses é real".

No caso ucraniano, a crítica a Obama é que ele poderia ter dado mais apoio ao governo do país contra os separatistas ajudados pela Rússia e pressionado mais Moscou.

"Até agora, as sanções de EUA e União Europeia têm sido brandas. Isso deu confiança a [presidente russo Vladimir] Putin de que ele não corre risco ao elevar a violência na região", diz Adesnik.

Crítica semelhante ocorre no caso da Síria, onde até a ex-secretária de Estado Hillary Clinton defendia apoio mais expressivo dos EUA aos insurgentes contra o regime do ditador Bashar al-Assad.

"A Casa Branca hesitou em agir no início da crise, quando havia uma oposição moderada com influência significativa", avalia Adesnik.

A oposição síria depois se radicalizaria, dando espaço ao avanço de milicianos sunitas também no vizinho Iraque ""para onde Obama se viu obrigado a enviar mais de 700 militares em dois meses.

CONEXÕES

Um dos grandes desafios para Obama é a conexão, muitas vezes indireta, entre as crises. No caso ucraniano, por exemplo, endurecer o discurso contra Moscou poderia atrapalhar os interesses americanos na negociação sobre o programa nuclear do Irã.

"As crises respingam' umas nas outras. Os sul-coreanos se preocupam muito mais com garantias dos EUA [contra a Coreia do Norte] após Obama determinar uma linha vermelha' na Síria [o uso de armas químicas] e não fazer nada quando ela foi ultrapassada", diz Schake.

Para ela, o posicionamento de Obama sobre as crises certamente terá impacto nas eleições parlamentares deste ano. Pesquisas mostram que a alta reprovação a Obama (55%) vem se mantendo.

Já Adesnik acredita que só "outro ataque a cidadãos ou ao território dos EUA" tornaria a política externa um tema de peso nas urnas.


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