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Neto de ativista argentina elogia pai e mãe adotivos

Guido Carlotto é filho de opositora da ditadura assassinada na prisão em 78

Exame de DNA confirmou que homem é descendente da líder da Associação das Avós da Praça de Maio

FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES

O neto da líder da Associação das Avós da Praça de Maio, cuja identidade foi revelada nesta semana, falou publicamente sobre o caso pela primeira vez nesta sexta-feira (8) e elogiou seus pais adotivos.

Guido Carlotto, 36, estava desaparecido desde 1978, após a morte de sua mãe, a opositora da ditadura argentina Laura Carlotto, filha de Estela de Carlotto, 83, presidente da associação que busca identificar casos do tipo.

No regime militar da Argentina (1976-1983), bebês de militantes de oposição presos eram tirados de seus pais e entregues à adoção.

Guido afirmou que teve uma vida "feliz e maravilhosa", que não sabe qual foi o papel de seus pais adotivos no seu sequestro e que não tem memória nenhuma do que aconteceu.

Em entrevista concedida a jornalistas em Buenos Aires, ele afirmou que prefere ser chamado pelo nome de Ignacio Hurban, que lhe foi dado pelos pais adotivos. "Estou acostumado e quero mantê-lo. Mas entendo que existe uma família que, há mais de 30 anos, me chama de Guido", declarou.

O neto da principal ativista do grupo Avós da Praça de Maio disse que só soube que era adotado há dois meses, apesar de suspeitar que sua identidade real era diferente há mais tempo, por "fatores intangíveis". "São ruídos na cabeça, borboletas fora do campo de visão, coisas que se sabe sem saber."

Ele citou, por exemplo, o fato de ter se tornado músico, enquanto seus pais adotivos eram trabalhadores rurais. "Um casal me criou com amor, mas me destinavam a outra coisa. Eu terminei fazendo outra tarefa", disse.

Guido Carlotto afirmou que agora vai entrar nos livros de história, o que "é um peso bom para levar".

INCENTIVO

Ele disse que decidiu falar publicamente sobre o caso para incentivar outras pessoas que têm dúvidas a respeito de sua identidade a procurar a associação das avós para fazer um teste de DNA.

"Entendo que estou contribuindo. Sei que, a partir do meu caso, muita gente se mobilizou. [...] O processo é completamente confidencial. A não ser dessa vez", brincou.

A juíza Maria Servini de Cubría havia convocado o músico a depor como testemunha para tentar descobrir quem o levou quando era bebê. No entanto, Carlotto pediu para que se desse mais tempo para que seu neto fosse à Justiça. Nesta sexta-feira, a juíza decidiu postergar a convocação.

Durante a entrevista, a avóficou ao lado do neto, mas não deu declarações.


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