Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise - França

Reforma ministerial na França expõe falta de liderança de François Hollande

Governo francês se encontra em situação crítica e Partido Socialista corre risco de implosão

ADRIÁN ALBALA ESPECIAL PARA A FOLHA

Os últimos acontecimentos constituem o clímax de dois anos de disfuncionalidade crônica do governo francês, que vem expondo um déficit de liderança e de credibilidade não apenas ante a opinião pública francesa, mas também dentro do seu próprio partido.

Já a nomeação de Manuel Valls como primeiro ministro, há menos de cinco meses, respondia a uma necessidade, para o presidente François Hollande, de pôr ordem dentro do governo socialista, o qual vinha se caraterizando pelo amadorismo e pela apatia política.

Porém, o perfil de Valls, o principal representante da ala liberal (e ultraminoritária) do Partido Socialista, consistiu numa aposta arriscada para Hollande.

A nomeação de Valls desatou uma onda de descontentamento com os tradicionais parceiros ecologistas, os quais saíram da coalizão, bem como dentro do próprio partido, já que 41 parlamentares "rebeldes", de setores mais à esquerda, se negaram a outorgar sua confiança ao primeiro governo de Valls.

Paralelamente, a manutenção no governo de ministros carismáticos e figuras desses "rebeldes" expunha o governo à ocorrência de novas cacofonias e desacordos.

No entanto, a saída dos ministros da Economia e da Educação, após eles terem criticado publicamente a linha política do governo, aparece como o primeiro "golpe de autoridade" de Valls e Hollande. A formação de um novo governo cuja linha política é claramente social-liberal se inscreve numa busca desesperada de consistência por parte de Hollande.

A questão principal que emerge, então, é quais são os cenários que esperam o governo da dupla Hollande-Valls, sabendo que os 41 "rebeldes", ao não garantir sua disciplina partidária, fazem o governo correr o risco de ser minoritário no Parlamento.

Caso isso ocorra, o que corresponderia a um haraquiri político do Partido Socialista, Hollande poderia ser levado para dois caminhos. Primeiro, dissolver o Parlamento e convocar novas eleições legislativas, correndo o risco de uma debacle eleitoral. O interessante é que essa opção, ainda pouco provável, não satisfaz o principal partido de oposição, o direitista UMP, pois este se encontra numa profunda crise de credibilidade e de liderança, após o seu líder, Nicolas Sarkozy, se ver envolvido em denúncias de corrupção.

Essa opção favoreceria, sim, o partido extremista Frente Nacional, que tem registrado triunfos eleitorais.

O segundo caminho consistiria em ver um governo socialista recorrer a legislar por decreto (sem passar pelo Parlamento) ou negociar com a direita para poder governar.

Em suma, o governo francês se encontra num contexto extremamente crítico, com um alto grau de insegurança sobre a sua capacidade de governar e, portanto, expõe o Partido Socialista francês a uma possível implosão.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página