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Estado Islâmico liberta 49 reféns turcos e iraquianos após 3 meses
Cônsul da Turquia e embaixadores estavam no grupo; nenhum resgate foi pago, afirma o país
Refém disse à CNN, sob anonimato, que 'passaram por algumas' situações de tortura em oito cativeiros
Os 46 cidadãos turcos e três iraquianos sequestrados desde junho no Iraque pelos membros da milícia radical Estado Islâmico (EI) foram libertados e já estão na Turquia, disse neste sábado (20) o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu.
"Nossos compatriotas chegaram à Turquia durante a manhã", afirmou Davotuglu, que não revelou detalhes sobre as condições de libertação dos 49 sequestrados na tomada do consulado-geral de Mossul pelos jihadistas.
Os reféns foram capturados em 11 de junho, quando os combatentes do EI assumiram o controle do prédio do consulado turco de Mossul, norte do Iraque.
Entre os sequestrados estavam o cônsul geral, Ozturk Yilmaz, e sua esposa, vários diplomatas e seus filhos, assim como integrantes das forças especiais turcas.
A agência oficial turca Anadolu afirmou que não houve pagamento de qualquer tipo de resgate e que nenhuma outra condição foi aceita por Ancara em troca da libertação dos cidadãos.
A agência ainda afirma que seis tentativas anteriores de libertação foram frustradas antes do sucesso desta.
O grupo entrou em território turco pela província de Urfa, ao sul do país, onde há milhares de refugiados sírios.
No voo que os levou para Ancara, a capital do país, um dos reféns conversou com a rede de TV CNN, sem se identificar. Ao ser perguntado se fora torturado, ele respondeu: "É claro que passamos por algumas coisas."
O cônsul Yilmaz descreveu a cidade de Mossul como "o lugar mais perigoso do mundo, onde milhares de pessoas são mortas".
Segundo a Turquia, os sequestrados passaram por oito locais de cativeiro diferentes em Mossul enquanto estavam em posse da facção.
A Turquia tem uma lista de 6.000 jihadistas em potencial cuja entrada no país está vetada e baniu mil pessoas ligadas a terroristas no último ano, diz o governo.
REFÉNS MORTOS
O EI controla parte do norte iraquiano, além de faixas do oeste da Síria, onde proclamou um califado --Estado regido pela lei islâmica.
A milícia constituiu também uma polícia, que realiza batidas nas ruas e revista casas para checar o cumprimento dos ditames religiosos (como o uso de burca por mulheres e a proibição de álcool), segundo relatos de moradores da província de Nínive.
A facção dominou a região em julho deste ano, causando a fuga em massa da população local. Cristãos na cidade de Mossul foram obrigados a se converter ao islã ou pagar uma taxa religiosa.
Ao menos três estrangeiros já foram mortos pelo EI nos últimos meses: o voluntário britânico David Haines e os jornalistas americanos Steven Sotloff e James Foley.