Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Chanceler cancela encontro com secretário dos EUA de última hora

Luiz Alberto Figueiredo desmarcou conversa com John Kerry e voltou às pressas para Brasília

Folha apurou que ele teria sido chamado para gerenciar repercussão de fala de Dilma sobre Estado Islâmico

ISABEL FLECK GIULIANA VALLONE DE NOVA YORK PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE SÃO PAULO

O chanceler do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, cancelou repentinamente um encontro bilateral que teria nesta sexta-feira (26) com o secretário de Estado americano, John Kerry, e retornou para o Brasil, surpreendendo até integrantes de sua equipe.

Segundo a Folha apurou, a presidente Dilma Rousseff determinou que Figueiredo voltasse imediatamente ao Brasil para lidar com as repercussões do discurso da presidente na ONU e a entrevista concedida por ela no mesmo dia, que viraram alvo de ataques eleitorais.

Em seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU, Dilma criticou o uso de intervenções militares para lidar com os conflitos na Síria e Iraque. "A cada intervenção militar não caminhamos para a paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos". Depois, em entrevista, disse que as intervenções não resolvem o problema e "o melhor caminho para construir a paz é sempre o diálogo e a diplomacia".

A fala foi uma resposta ao presidente americano, Barack Obama, que defendera na ONU os bombardeios contra o Estado Islâmico pela coalizão liderada pelos EUA e afirmara que "a única língua entendida por esses assassinos é a força".

Mas a declaração de Dilma virou munição para a oposição. "A presidente propõe diálogo com um grupo [EI] que está decapitando pessoas", disse o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves.

Já no Brasil, o ministro Luiz Alberto Figueiredo afirmou à Folha que teve de retornar por causa de uma mudança de agenda, mas não especificou qual. "A reunião bilateral com o secretário Kerry será remarcada, não foi nada fora do normal; é muito comum em agenda de ministro ter de mudar compromissos", afirmou.

Em entrevista a blogueiros progressistas, Dilma continuou em seu modo "contenção de danos": negou ter defendido diálogo com o EI (leia mais nesta página).

No início da noite de quinta, o ministro havia confirmado a reunião com Kerry a jornalistas brasileiros, para tratar de uma "agenda de ONU e de questões normais do relacionamento bilateral".

Menos de cinco horas depois, ele já havia embarcado de volta para o Brasil. Uma fonte diplomática disse que assessores do Itamaraty compraram sua passagem de volta às pressas, na noite de quinta.

Uma fonte do Departamento de Estado confirmou à Folha que a decisão de cancelar o encontro --previsto para a tarde-- partiu do chanceler brasileiro.

Oficialmente, o Itamaraty afirma que Figueiredo voltou para o Brasil para coordenar uma reunião interna e assinar protocolos e documentos que precisavam ser despachados ainda nesta semana.

Nesta sexta-feira, a subsecretária de Estado para o Hemisfério Ocidental (Américas), Roberta Jacobson, disse que o governo americano tem "esperança" de que o Brasil assuma um papel na luta contra o EI em áreas como a ajuda humanitária, financeira e para evitar o recrutamento de combatentes.

"Um país tão grande e importante como o Brasil, definitivamente tem um papel a desempenhar aqui e pode ajudar muito", disse.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página