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Europa sairá forte da crise, diz diplomata da França

País recebe a visita da presidente Dilma

IGOR GIELOW SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os brasileiros estão errados em ver a Europa como um mercado ultrapassado e deveriam aproveitar a janela de oportunidade da crise do euro para reforçar sua posição no continente, que acabará por emergir do caos econômico a partir de 2014.

A mensagem, expressa em entrevista à Folha pelo novo embaixador da França no Brasil, Bruno Delaye, 60, encontrará Dilma Rousseff em sua agenda no país europeu, onde desembarcou ontem.

"O Brasil ainda é um país adolescente, sua indústria precisa capacitar-se. Pelo perfil do mercado, ambos com alto custo de produção, não somos competidores. O Brasil só tem a ganhar ao associar-se à França. O modelo chinês não funciona aqui; como nós, vocês não têm como produzir a custos tão baixos."

Reconhecendo a similaridade entre os dois países na promoção dos chamados "campeões nacionais", empresas privadas com potencial de expansão global que contam com apoio estatal, Delaye faz uma proposta.

"Acho que o setor aeronáutico tem de ser um foco, e hoje para a Embraer não basta mais só construir aviões de médio porte. Nós temos tecnologias a transferir, e o caminho deveria ser uma associação com a EADS [gigante aeroespacial europeia, com forte presença francesa, que controla a Airbus]", diz.

Tal negócio teria diversas implicações de concorrência, admite o embaixador, que recebeu sua credencial de Dilma na quarta-feira passada.

Mas para ele o próprio futuro da Embraer depende de uma associação global, já que seu nicho está sob ataque de novos competidores.

"Proponho uma associação industrial, não algo comercial, do tipo 'compro tantos aviões seus e você compra tantos meus'", afirmou.

Após mandatos seguidos como embaixador em dois países afundados na crise do euro, Grécia e Espanha, Delaye chega a Brasília com um discurso otimista.

"A Europa é forte e sairá mais forte da crise. Mesmo duramente afetada, a Espanha segue com políticas de investimento agressivas. Houve greves, mas há resignação social para superar. Perderemos 2013, mas as medidas de estímulo começarão a funcionar a partir de 2014, então o Brasil precisa aproveitar e ir às compras agora. Está barato", afirma.

Ele cita o setor de papel como um foco possível para brasileiros. No ano passado, a França tornou-se o quarto maior destino de investimento estrangeiro direto -o Brasil ficou em sexto.

Ele descarta que a disputa entre o governo francês e a siderúrgica indiana ArcelorMittal, na qual Paris ameaçou nacionalizar unidades do grupo, assuste investidores. "Os indianos não cumpriram regras. A França é um Estado de Direito, não houve quebra de contratos."

Dilma deverá discutir em sua viagem a polêmica e arrastada compra dos novos caças da FAB, disputada por franceses contra americanos e suecos, mas Delaye não tocou no assunto.

Sobre os negócios franceses no Brasil, onde o país europeu está entre os dez que mais investem localmente, Delaye afirma que infraestrutura e energia seguem sendo o filé para as empresas.


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