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Oposição pede voto contrário à nova Constituição egípcia

Frente formada por liberais, cristãos e esquerdistas acusa o presidente Mursi de 'sequestrar' a Carta

Governo quer referendo para aprovar texto em dois sábados, mas opositores pedem decisão em um dia

MARCELO NINIO DE JERUSALÉM

A principal coalizão opositora do Egito convocou ontem os eleitores a votar contra o projeto de Constituição que o governo islamita levará a referendo no sábado.

Ao mesmo tempo, a Frente Nacional de Salvação manteve a ameaça de boicote à votação caso suas condições não sejam atendidas.

Formada por liberais, seculares, cristãos e esquerdistas, a coalizão acusa o presidente egípcio, Mohamed Mursi, de "sequestrar" a nova Constituição ao acelerar a aprovação de um texto moldado pela bancada islamita.

A controvérsia gerou os maiores protestos contra o presidente desde sua vitória apertada nas eleições de junho. Confrontos entre liberais e islamitas deixaram sete mortos e dezenas de feridos na última semana.

Tentando conter a crise, Mursi cancelou algumas cláusulas do decreto que lhe dera superpoderes, mas os protestos se voltaram contra o referendo constitucional.

A FNS, encabeçada pelo Nobel da Paz Mohamed ElBaradei e pelo ex-premiê Amr Moussa, anunciou que fará campanha contra o projeto de Constituição, mas avisou que emitirá um chamado de última hora pelo boicote caso a votação não preencha alguns requisitos.

Entre eles, que o referendo ocorra em apenas um dia, que haja monitoramento da Justiça e supervisão internacional e que a contagem comece imediatamente após o fechamento das urnas.

A primeira das condições foi derrubada horas depois do encontro da oposição, quando a Presidência anunciou que a votação, prevista para ser em apenas um dia, será dividida em dois sábados -dias 15 e 22.

De acordo com uma fonte do governo ouvida pelo jornal "Al Ahram", a decisão atende a um pedido do Comitê Eleitoral, que alegou não haver juízes em número suficiente para supervisionar todas as seções eleitorais do país em um dia.

A principal associação de juízes do Egito afirmou que 90% de seus membros boicotarão o referendo. De acordo com o "Al Ahram", há apenas 7.000 juízes para fiscalizar mais de 13.000 urnas.

A crise em torno da Constituição é mais um capítulo da turbulenta transição no Egito iniciada após a queda do ditador Hosni Mubarak, há quase dois anos.

É também um dos legados problemáticos da junta militar que governou o país antes da vitória de Mursi, que optou por realizar eleições presidenciais sem que houvesse uma nova Constituição.

No confuso ambiente político dos últimos dias, a ambiguidade da oposição, entre o não e o boicote ao referendo, pode acabar favorecendo os islamitas, muito mais organizados e disciplinados.


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