Folha de S.Paulo

Favorito de Obama para Pentágono é alvo de críticas

LUCIANA COELHO DE WASHINGTON

Após a candidatura de sua favorita para ocupar o Departamento de Estado no segundo mandato naufragar, o presidente Barack Obama se vê agora às voltas com críticas à sua primeira opção para a Defesa, o ex-senador republicano moderado Chuck Hagel (Nebraska).

Se recuar, Obama iniciará o novo mandato com as duas principais pastas do gabinete entregues a segundas opções -evento raro que reflete a falta de consenso no atual ambiente político nos EUA.

Hagel, 66, um veterano da Guerra do Vietnã e empresário bem-sucedido, passou 12 anos no Congresso e é hoje o chefe do Conselho de Inteligência do presidente.

Ficou conhecido pelas posições críticas à "Guerra ao Terror" dos anos George Bush (2001-09).

Desde que seu nome passou a ser aventado para a Defesa, porém, o senador tem atraído ataques dos dois lados do espectro político.

O alvo maior são suas críticas ao excesso de lobby de Israel no Congresso dos EUA e ao governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu -o que lhe rendeu o rótulo de antissemita em alguns círculos conservadores.

O fato de questionar a eficácia das sanções americanas contra o Irã em demover Teerã de seu programa nuclear tampouco lhe rende pontos à direita.

Mesmo entre os governistas o nome causa hesitação: no último domingo, o senador democrata Chuck Schummer declarou a um programa de TV que preferia "estudar o currículo" do colega antes de avalizar a escolha.

Hagel também é criticado por ter dito em uma entrevista em 1997 que um indicado a embaixador dos EUA era "agressivamente gay".

O nome de Hagel passou a circular após a embaixadora Susan Rice ser pressionada a desistir do Departamento de Estado e o presidente ter de escalar o senador John Kerry.

A alternativa vista por analistas é Michèle Flournoy, 52, democrata, subsecretária da Defesa até fevereiro. Seria a primeira mulher no cargo.