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Análise
Impasse eleitoral no país reaviva pânico no mercado global
RALPH ATKINS DO “FINANCIAL TIMES”Uma vez em uma montanha-russa, não há como evitar a tensão da subida e o pavor das quedas. Nesta semana, investidores se perguntaram se não estaríamos de volta a essa realidade -a inconclusiva eleição na Itália marcaria o início da nova caída.
O beco sem saída político em Roma, que pode deixar a terceira maior economia da zona do euro sem governo estável durante meses, reavivou nos investidores o pânico de manada que caracteriza os mercados desde o colapso do Lehman Brothers, em 2008.
Mas, após incipiente venda de ativos, a tensão arrefeceu, deixando dúvidas no ar.
"A reação instintiva foi 'vou correr, não quero estar exposto', mas depois veio um 'talvez não seja tão ruim'", diz Michael Hampden-Turner, estrategista do Citigroup.
"A Itália é sistêmica, mas não se sabe o quanto esses eventos significam um risco global", diz Jacques Cailloux, do banco asiático Nomura.
Evitar o medo ampliaria a confiança no fim dos anos de crise. Temores comuns, como o de uma quebra na zona do euro, saíram de moda. O indicador global do HSBC, baseado no cruzamento de dados financeiros, reduziu a expectativa de recessão para dois anos. Análise similar do banco UBS já indica níveis parelhos aos de 2007, antes da crise dos subprimes.
Por trás da normalização está o pedido, em julho, de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), para que se fizesse "todo o necessário" para preservar o euro.
Ao invés de temerem catástrofes, investidores passaram a focar fundamentos econômicos. Tendências de preços, por exemplo, têm se descolado de altas nos juros de títulos públicos na Espanha e na Itália, usuais responsáveis por tensões especulativas.
Ainda assim, teme-se que a crise italiana reavive os velhos medos. Ramin Nakisa, do UBS, ressalva que "Espanha e Itália devem sofrer pressões maiores neste ano."
Erik Nielsen, economista-chefe do UniCredit, sintetiza: "As pessoas concluíram, com razão, que as garantias de Mario Draghi não dizem respeito só à moeda. Se a Itália precisar de ajuda, ela estará lá".