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O novo Papa

Papa quer 'igreja pobre e para os pobres'

Em encontro com jornalistas, Francisco revela que nome foi escolhido por inspiração do brasileiro d. Cláudio Hummes

Pontífice dá 'bênção silenciosa' direcionada a agnósticos e seguidores de outras religiões; 'são todos filhos de Deus'

BERNARDO MELLO FRANCO FABIANO MAISONNAVE FELIPE SELIGMAN ENVIADOS ESPECIAIS A ROMA

O papa Francisco afirmou ontem que deseja liderar uma Igreja Católica "pobre e para os pobres".

Ele fez a declaração ao justificar a escolha do nome, inédito na história, como uma homenagem a são Francisco de Assis.

"Como eu gostaria de uma igreja pobre e para os pobres", disse o pontífice, em encontro com jornalistas que cobriram sua eleição.

O argentino Jorge Mario Bergoglio contou ter escolhido o nome Francisco após ser saudado pelo cardeal brasileiro Cláudio Hummes, franciscano, a quem chamou de "um grande amigo".

Em tom bem-humorado, ele disse que Hummes estava ao seu lado no conclave e o apoiou quando ele se aproximou da votação necessária para virar papa.

"Quando a coisa foi ficando um pouco perigosa para mim, ele me confortou. E quando os votos chegaram aos dois terços, vieram os aplausos, porque o papa estava eleito. Ele me abraçou, me beijou e disse: `Não se esqueça dos pobres'", contou.

"Aquela palavra entrou aqui: os pobres, os pobres. Imediatamente, por causa dos pobres, pensei em Francisco de Assis. Depois pensei nas guerras, enquanto a contagem dos votos continuava. E assim veio o nome, no meu coração: Francisco de Assis."

"Para mim, ele é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e defende a Criação. E neste momento não temos uma relação muito boa com a Criação, não é?"

O papa contou que alguns cardeais chegaram a sugerir outros nomes, como Adriano, em homenagem ao papa Adriano 6º, um grande reformador da igreja, e Clemente.

"Mas por que Clemente? Porque assim se vingaria de Clemente 14, que acabou com a Companhia de Jesus", contou o papa, que é jesuíta, relatando o que lhe sugeriu um cardeal.

Nos primeiros dias de pontificado, Francisco tem dado gestos de humildade e contra a ostentação da riqueza, como recusar a limusine oficial e pagar a conta do hotel onde se hospedou antes do conclave.

Aos jornalistas, ele disse que a cobertura da igreja é diferente porque a instituição "não tem uma natureza política, mas eminentemente espiritual". E acrescentou que o pontífice não será o centro da igreja.

"É Cristo o centro, não o sucessor de Pedro. Cristo é a referência fundamental, o coração da Igreja", afirmou.

Sorridente, o papa brincou com a carga de trabalho dos jornalistas durante o conclave ("Vocês trabalharam, hein?") e afagou o cão guia de um repórter cego.

De uma jornalista argentina, ganhou uma cuia para tomar mate, tradição no país.

Ao fim, citou os agnósticos e seguidores de outras religiões, dizendo que todos são filhos de Deus.

"Como muitos de vocês não pertencem à Igreja Católica, e outros não têm fé, dou de coração uma bênção, em silêncio, a todos. Respeitando a consciência de cada um, mas sabendo que todos são filhos de Deus", afirmou.

CARGOS

Ontem o Vaticano informou que, como é a praxe em novos pontificados, os cargos da Cúria (administração da igreja) foram mantidos provisoriamente. Não há data para novas nomeações.


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