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New York Times

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Filme narra travessia de oceano em inglês e norueguês

Por LARRY ROHTER

O filme "Expedição Kon Tiki", sobre o explorador norueguês Thor Heyerdahl e a perigosa travessia do Pacífico que ele fez em 1947 numa jangada de pau-de-balsa, foi rodado simultaneamente em norueguês e inglês.

Cada cena foi filmada primeiramente em norueguês e depois, após duas ou três tomadas, em inglês. Para a surpresa dos diretores, a técnica enriqueceu o filme esteticamente.

"Descobrimos que a tomada norueguesa tinha uma dinâmica própria. Quando fazíamos a cena novamente em inglês, essa dinâmica mudava", contou Pal Hagen, que representa Heyerdahl. "Por isso, em muitos casos voltamos e fizemos mais tomadas para a versão em norueguês, porque tínhamos aprendido algo novo."

"Expedição Kon Tiki" -cuja versão em inglês tem lançamento previsto entre abril e maio- foi indicado ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira. A direção é de Joachim Ronning e Espen Sandberg.

Nem todas as tomadas precisaram ser refilmadas. Algumas das primeiras cenas, em que Heyerdahl está nos Estados Unidos tentando levantar dinheiro para sua expedição, foram rodadas apenas em inglês. Outras, como as com imagens geradas por computador de tubarões ameaçando a jangada, foram filmadas de longe e puderam ser dubladas.

A opção incomum de rodar duas versões linguisticamente diferentes foi prática para a equipe, segundo Ronning. Ela se deveu ao que ele descreveu como realidades linguísticas e do mercado. "Diante da opção de fazer 'Expedição Kon Tiki' desse jeito ou não fazer o filme, depois de termos trabalhado sobre ele por tantos anos, foi fácil decidir."

Rodar em inglês e em outra língua ao mesmo tempo pode parecer uma estratégia nova, criada para a era global. Na realidade, porém, isso representa um retorno a uma prática comum no final dos anos 1920 e início da década de 1930. Com a chegada do cinema falado, os estúdios de Hollywood interessados em conservar sua presença no mercado europeu frequentemente recorriam ao que eram chamadas de "versões linguísticas múltiplas" de seus trabalhos, nas quais o mesmo elenco e diretor faziam um filme simultaneamente em dois ou até três idiomas.

A Paramount, por exemplo, abriu um estúdio na periferia de Paris para rodar versões linguísticas múltiplas. Em um período de 12 meses entre 1930 e 1931, mais de cem longas-metragens desse tipo foram rodados no estúdio.

Esse tipo de filme acabou por desaparecer por motivos puramente econômicos. Fazer várias versões de um mesmo filme mostrou ter custo muito mais alto que as opções alternativas que apareceram -a legendagem e a dublagem. Em 1933, Hollywood já tinha abandonado a prática. Pouco depois, os estúdios alemães e franceses também desistiram dela. O filme mais conhecido desse período é provavelmente "O Anjo Azul", de Josef von Sternberg, rodado em alemão e em inglês.

Ronning e Sandberg cresceram no sul da Noruega, perto da cidade natal do explorador. Ainda crianças, ficaram fascinados com a bravura de Heyerdahl e seus cinco companheiros de aventura, cujas proezas foram relatadas num livro que Heyerdahl escreveu e no documentário premiado com o Oscar que o seguiu em 1950.

"Visitamos o Museu Kon-Tiki em Oslo quando éramos crianças. Quando você vê a balsa, é surpreendente como ela é pequena", contou Ronning. "Esses sujeitos atravessaram um oceano enorme em cima de nove toras de pau-de-balsa."

Thor Heyerdahl, que morreu em 2002, aos 87 anos, "foi e ainda é uma inspiração para muitas pessoas", disse Sandberg.

"Ele não sabia nadar e morria de medo da água. Mas superou seus medos e atravessou o maior oceano que existe."


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