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New York Times

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Lente

Quer privacidade? Vá para o seu quarto

Tecnologias de reconhecimento facial preocupam ativistas

Em meio às revelações quase diárias sobre programas do governo americano para espionar autoridades nacionais e estrangeiras e para vigiar as comunicações de cidadãos por e-mail e celular, é o caso de parar e pensar duas vezes antes de sair de casa.

Os japoneses, que sob muitos aspectos deram início à revolução tecnológica com suas eficientes companhias eletrônicas, estão mais uma vez vários passos à frente do resto do mundo.

Já em 2006, o "New York Times" falava dos adolescentes japoneses que ficavam até 23 horas por dia nos seus quartos. Durante dias, semanas ou mesmo anos consecutivos. Frequentes reportagens desde então detalharam as longas quarentenas desses meninos e homens, alguns dos quais passaram uma década ou mais dentro de casa.

Isso se chama "hikkomori". A tradução literal é "introverter-se, ficar confinado". Conforme noticiou em julho a BBC, há milhões de japoneses -a idade média dos reclusos subiu de 21 para 32 anos nas últimas duas décadas- que sumiram de vista.

Se esses ensimesmados soubessem das novas tecnologias de reconhecimento facial que agências dos EUA estão desenvolvendo, tudo isso poderia fazer sentido. O Departamento de Segurança Doméstica dos EUA já obteve progressos numa ferramenta computadorizada conhecida como Sistema Óptico-Biométrico de Vigilância, escreveu a advogada Ginger McCall, ativista do direito à privacidade, no "Times".

Esses sistemas trazem benefícios para as autoridades policiais, escreveu McCall, mas estão propensos a abusos.

A tecnologia, disse ela, facilita demais a identificação e o monitoramento de pessoas que as autoridades julgam ser uma ameaça -real ou imaginária- e permite que um funcionário público "siga os movimentos de ex-amantes ou rivais". A extrapolação do objetivo das missões, afirmou ela, "frequentemente transforma programas de combate ao crime em instrumentos de abuso".

McCall recomenda que essa tecnologia tenha supervisão "para proteger as liberdades civis, em especial nossa expectativa de algum grau de anonimato em público".

Esse objetivo pode parecer ingênuo, particularmente numa era em que as câmeras são onipresentes nas áreas urbanas do mundo todo e quando tendências e atividades pessoais de muita gente estão à distância de um post no Facebook ou uma busca no Google.

Laura Poitras, participante menos conhecida no caso Edward Snowden, usa um software de encriptação para ocultar dados e informações pessoais on-line.

Poitras começou a investigar os programas de vigilância do governo americano antes que Snowden aparecesse e já fez documentários sobre a Guerra do Iraque e sobre um prisioneiro iemenita na base naval de Guantánamo. Glenn Greenwald, repórter do "Guardian" que revelou a história de Snowden, é quase tão conhecido quanto a sua fonte, mas foi Poitras quem estabeleceu o contato com ele e que gravou o vídeo em Hong Kong quando Snowden surgiu fazendo as denúncias.

Os esforços dela para permanecer em segundo plano não têm adiantado muito, particularmente quando ela viaja. Desde 2006, ela já foi detida mais de 40 vezes em aeroportos americanos.

"É uma violação total", disse ela ao "Times".

"Eles estão interessados em informações relacionadas ao trabalho que estou fazendo, e isso é claramente privado. É uma situação intimidadora quando pessoas com armas recepcionam você ao descer de um avião."

Ela nunca recebeu explicações sobre por que está numa lista de observação. "Não me disseram nada", disse Poitras. "É como Kafka. Ninguém jamais lhe diz qual é a acusação."

TOM BRADY

Envie comentários para nytweekly@nytimes.com


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