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New York Times

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Tesouros birmaneses ganharão exposição em NY

Por JANE PERLEZ

BAGAN, Mianmar - Com cuidado, o molde de bronze no formato de uma flor de lótus, de mil anos de idade, foi retirado da vitrine do museu. Depois, foi admirado por um grupinho de curadores americanos, em visita recente a Mianmar, que contemplou as minúsculas dobradiças de metal que permitem que a flor se abra e feche, além dos detalhes minuciosos acrescentados às pétalas por artesãos miniaturistas birmaneses.

O artefato foi encontrado em condição perfeita dentro de uma caixa de pedra trazida à superfície por um terremoto neste local, quase 40 anos atrás.

Os curadores o avaliaram como uma das maiores atrações entre centenas de objetos vistos pelo grupo em sua visita por todo o país, dentro dos preparativos para uma exposição da Asia Society que terá lugar em Nova York em 2015 e vai celebrar a arte budista birmanesa, ainda muito desconhecida pelo público ocidental.

A arte budista antiga oferece uma visão diferente de um país que, até pouco tempo atrás, estava submetido a uma ditadura militar e que, antes da Segunda Guerra Mundial, era um posto avançado do império britânico.

Os curadores vasculharam o museu de Bagan, examinando douradas caixas de madeira de mosteiros, agora com a tinta descascada, usadas para guardar manuscritos escritos sobre folhas de palmeira secas. Viram criaturas semelhantes a esfinges, pintadas de ouro, em encardidos armários de vidro numa biblioteca decrépita em Prome, próximo do local onde viveram os primeiros budistas de Mianmar, país antes conhecido como Birmânia.

"A exposição será uma espécie de 'début' para Mianmar", disse Melissa Chiu, da Asia Society. "Nossa esperança é que ela assuma um significado maior e lance nova luz sobre materiais que não tinham sido vistos antes. O budismo é a religião oficial do país e, como tal, exerce um papel enorme em seu cotidiano."

Entre os séculos 9° e 13, Bagan foi o centro de um reino em que a energia criativa era tão intensa que foram erguidos quase 2.000 templos. Lavradores na região ainda descobrem joias de ouro dessa época quando aram a terra.

Durante uma visita aos Estados Unidos no ano passado, o presidente Thein Sein aprovou a cessão de dezenas de obras de arte para a exposição, garantindo que os curadores fossem recebidos em lugares normalmente inacessíveis a estrangeiros.

A Asia Society se comprometeu a dar treinamento em técnicas de conservação aos funcionários dos museus de Mianmar. Estes contam com um orçamento de apenas US$ 100 mil, que os deixa com pouca eletricidade, ar-condicionado insuficiente e nenhum dinheiro para aquisições de artefatos.

Na última escala feita pelos curadores, um Buda de bronze de 1.500 anos, coberto por uma pátina áspera, estava exposto sob uma luz de néon. Um camponês encontrou a estátua por acaso em 2005 quando arava seus campos, contou U Thein Lwin, vice-diretor-geral do Departamento Nacional de Arqueologia.

"Foi sorte a estátua não ter quebrado", disse Thein Lwin.

O transporte do Buda de bronze não deve ser arriscado. Mas a flor de lótus de Bagan traz dificuldades.

A vice-diretora do museu de Bagan, Daw Baby, acha que a preciosa flor deve ir a Nova York, sim. "Uma cessão temporária a Nova York não é problema para mim", comentou. "Mas não de modo permanente."


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