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New York Times

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Índia caça tigresa após mortes

"Devoradora de homens" teria feito ao menos dez vítimas

Por ELLEN BARRY e HARI KUMAR

NOVA DÉLI - Ninguém até hoje sobreviveu por tempo suficiente para descrever a tigresa em detalhes, mas sabe-se que ela percorre grandes distâncias durante o dia e não tem medo de aventurar-se em território humano. Depois de matar seus primeiros três ou quatro humanos, começou a devorar suas vítimas -começando pelas nádegas, disse um especialista, como faria com um cervo.

A décima morte em seis semanas foi atribuída recentemente à tigresa "devoradora de homens", como os jornais indianos a descreveram, embora seja impossível ter certeza de que o mesmo animal seja responsável por todos os ataques.

Os confrontos entre tigres e humanos cresceram em lugares onde a população do tigre de Bengala, ameaçado de extinção, aumentou em decorrência dos esforços de conservação, segundo Ullas Karanth, que administra o programa para a Índia da Wildlife Conservation Society.

"Esses conflitos são o preço do êxito da conservação", disse.

Na virada do século 20, havia 40 mil tigres na Índia, segundo a Autoridade Nacional de Conservação dos Tigres. Hoje há apenas cerca de 4.000 indivíduos vivendo em liberdade, fato que impulsionou uma ampla campanha para proteger os tigres e as florestas que eles habitam. Mas os felinos invadem áreas povoadas, cujos moradores não estão acostumados com eles. Após cada ataque, ocorre um furor ruidoso, em vez do arrastão sistemático feito por gerações anteriores, acostumadas a viver nas proximidades de tigres, para conduzir os animais de volta à floresta.

"É necessário uma equipe pequena de pessoas treinadas, montadas sobre elefantes, para permitir a permanência do tigre na área, sem alarde", disse Karanth.

"Em vez disso, formam-se multidões e é feita uma campanha militar. As multidões ficam perseguindo o animal, fazendo com que seja cada vez mais difícil capturá-lo."

A ansiedade vem crescendo desde 29 de dezembro, quando a primeira vítima, um agricultor, foi encontrada dilacerada num canavial no Estado de Uttar Pradesh. Uma semana mais tarde e 30 quilômetros ao norte, um rapaz contou a uma equipe de televisão que um tigre tinha agarrado sua irmã pelo pescoço "e a arrastado para o canavial".

Os ataques continuaram, percorrendo uma trilha de 145 quilômetros para o norte, atravessando a divisa estadual para Uttarakhand, em direção ao parque nacional Jim Corbett. O parque, que leva o nome de um caçador de tigres e conservacionista, possui uma das mais densas populações de tigres do mundo.

No início deste mês, Ram Charan, 45, parou seu carro no acostamento de uma estrada no parque e saiu do veículo. Seus companheiros o encontraram na floresta, a 18 metros de distância, com a carne arrancada de suas coxas.

Shiv Shankar Singh, burocrata-chefe do distrito vizinho de Moradabad, contou que, após a morte de Charan, camponeses enfurecidos cercaram um posto avançado do serviço florestal. "Eles dizem: 'Deem-nos armas e nós mataremos a tigresa'", disse Singh. "Dizem: 'Se alguém de sua família fosse morto, você entenderia a dor que estamos sofrendo.'"

Rastreadores dizem que a pegada é de uma tigresa -e em fase reprodutiva, disse Belinda Wright, da Wildlife Protection Society da Índia, já que seus caninos estão intactos. Após os três ou quatro primeiros ataques, disse Wright, a tigresa "percebeu como é fácil matar humanos e que eles são bastante saborosos".

Ainda segundo Wright, tigres que se tornaram "devoradores de homens" precisam ser abatidos, mas são difíceis de capturar. "Eles se tornam como fantasmas. A tigresa pode aparecer em qualquer lugar naquele distrito, a qualquer hora, e fazer outra vítima. Ninguém jamais a verá. As pessoas podem estar ao lado dela, mas só verão um borrão chocante."


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