Folha de S.Paulo

Prefeitura volta a celebrar casamentos

POR MICHAEL M. GRYNBAUM

No dia de sua posse, o prefeito Bill de Blasio prometeu unir os habitantes de Nova York. É o que ele está fazendo -um casal de cada vez. Desde que assumiu a prefeitura, em janeiro, De Blasio vem celebrando em média um casamento por mês. É o dobro do que fez seu predecessor, Michael Bloomberg, em 12 anos.

Celebrar casamentos parece ser uma das paixões de De Blasio. De todos os privilégios que acompanham a condição de prefeito, poucos parecem tê-lo inspirado tão diretamente quanto o poder de casar pessoas.

É o revival de uma tradição que tinha praticamente desaparecido sob a égide de Bloomberg, que normalmente se recusava a celebrar casamentos. "O momento em que uma pessoa diz 'aceito' é um momento que transforma sua vida", disse De Blasio, que em maio completou 20 anos de casado. "Ser aquele que faz a pergunta é um papel incrível para exercer na vida das pessoas."

Mas, deixando as emoções de lado, a julgar por uma cerimônia pequena realizada recentemente na sede da prefeitura, o Bill de Blasio que une noivos e noivas lembra muito o político consciente de sua imagem que promove assinaturas de leis e reuniões sindicais. Ele se preocupou com vários detalhes da cerimônia, discutindo com um assessor o ponto exato do recinto em que teria lugar a declaração de votos conjugais. Instruiu os familiares dos noivos sobre onde se posicionar para fotos e comandou a sessão de fotos pós-beijo, como se fosse um diretor de Hollywood.

Enquanto isso, De Blasio fazia uma espécie de trilha corrida de comentários -uma descrição passo a passo do processo, voltada tanto para os noivos quanto para os outros presentes.

É claro que um casamento oficiado pelo prefeito pode ter suas complicações. Os nomes dos convidados podem ter que ser informados de antemão, para passar por verificações de segurança.

Como alguém faz para conseguir que o prefeito de Nova York celebre seu casamento? Os contatos pesam muito. David Kuperberg, cujo casamento foi oficiado pelo prefeito em abril, foi um dos doadores mais generosos de De Blasio na campanha eleitoral do ano passado, contribuindo com quase US$ 17 mil. O advogado Joseph G. Finnerty 3° também contribuiu para a campanha do prefeito.. Edouard Houilliez é barista em Park Slope. Pediu a De Blasio que fizesse seu casamento enquanto lhe servia um café. No caso de Kest e Ilesanmi, a ligação era mais pessoal: o irmão do noivo, Jon Kest, que morreu em 2012, foi um ativista conhecido e confidente de De Blasio por anos.

O uso do Salão do Governador faz parte do pacote dos casamentos celebrados pelo prefeito. Foi nesse local que De Blasio oficiou seu primeiro casamento, unindo Sid Davidoff, lobista, e Linda Stasi, colunista do "Daily News". Davidoff, que já foi assessor de vários prefeitos de Nova York, contou que, quando telefonou a De Blasio para pedir que fizesse seu casamento, também o aconselhou a recusar. "A partir do momento em que abrir esta torneira, será difícil fechá-la", avisou.

Mas De Blasio começou a trabalhar na prefeitura durante a administração de David N. Dinkins, que considerava os casamentos um dos melhores aspectos de seu cargo.

"É uma versão diferente de um presente de casamento", contou. "Adoro perguntar aos noivos se aceitam a outra pessoa em casamento. Eles estremecem um pouco quando vão responder."