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New York Times

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Lente

Os benefícios ocultos de prazeres extravagantes

O iate de 50 metros que Dennis M. Jones comprou por US$ 34 milhões (R$ 77 mi) é, segundo ele, "o máximo para pessoas que querem sempre o que há de melhor".

Todavia, o iate é mais do que um luxuoso item customizado de lazer. Sua compra ajudou o estaleiro em dificuldades a se manter no mercado.

Jones, ex-executivo da área farmacêutica que mora perto de St. Louis, Missouri, está entre aqueles que descobriram como não sentir culpa por prazeres extravagantes. Ele considera seu iate um catalisador de empregos.

"O estaleiro está em uma fase ótima, graças a pessoas como nós", disse ele ao Times. O corretor de iates Christian Bakewell disse que a compra feita por Jones teve outros efeitos positivos além de ajudar o estaleiro Christensen Yachts de Vancouver, estado de Washington, cuja força de trabalho encolheu de 500 para 75 pessoas nos últimos anos. O iate também mantém uma equipe de dez empregados.

"As pessoas veem as imagens espetaculares de Beyoncé entrando em um iate, mas não se dão conta de quantas pessoas foram necessárias para construir o iate e das que cuidam de sua manutenção", disse ele.

Poucas pessoas podem arcar com os mesmos luxos que Jones, que vendeu sua empresa, a Jones Pharma, por US$ 3,4 bilhões em 2000. Porém, até luxos menores podem provocar sensação de culpa, mesmo quando não são usados por puro prazer.

Consideremos o smartphone, por exemplo. Farhad Manjoo, repórter de tecnologia do Times, escreveu recentemente sobre seu empenho para passar mais tempo com o filho de 3 anos, que ainda não frequenta a pré-escola, enquanto usa seu telefone para fazer entrevistas de trabalho.

"A preocupação é que, ao tentar fazer duas coisas ao mesmo tempo, nenhuma saia a contento", disse ele. "Dividir-se entre o trabalho e o papel de pai dá a sensação de incompetência nas duas atividades."

Apesar disso, a situação foi melhor que a rotina comum de trabalho. Ele e seu filho foram a um museu de ciências e ao parque, e ainda tomaram sorvete.

"Em geral, a tecnologia e sobretudo os smartphones têm fama de atrapalhar as relações familiares", escreveu Manjoo. "Mas raramente consideramos como os smartphones liberam certos profissionais da obrigação de estar no ambiente de trabalho, assim ampliando as oportunidades para que se envolvam mais na vida de seus filhos."

E acrescentou: "Ainda é cedo demais para concluir que telefones são definitivamente nocivos para as relações familiares. Passei muito tempo precioso com meu filho na semana passada e nos divertimos muito. E também consegui trabalhar bastante."

E mesmo se Manjoo tivesse de deixar seu filho sentado por algum tempo diante da televisão para poder trabalhar (o que de fato aconteceu), Neil Genzlinger acha que não há problema nisso. Genzlinger, crítico de televisão do Times, obviamente passa muito tempo vendo televisão e não se sente constrangido com isso.

Numerosos estudos, escreveu ele, advertem sobre os perigos da televisão: ela contribui para o deficit crônico de sono, comportamentos agressivos, danos ao desenvolvimento cerebral e, em casos extremos, a morte.

"Sem dúvida tudo isso é verdadeiro, então as pessoas deveriam jogar imediatamente suas televisões no lago mais próximo", escreveu ele. "Mas não façam isso."

Estudos também descobriram que alguns programas de TV expandem o entendimento dos espectadores sobre política e assuntos como o financiamento de campanhas. E que os pequenos telespectadores de "Vila Sésamo" reconhecem melhor números, letras e formas do que crianças que não acompanham a série.

DEBORAH STRANGE

Envie comentários para nytweekly@nytimes.com.


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