Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

New York Times

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Biografia de Swoon integra arte, emoção e ativismo social

Por MELENA RYZIK

Com um recorte em papel cintilante colado sobre o coração, a artista conhecida como Swoon liderava uma procissão pelos corredores do Museu de Arte do Brooklyn em um princípio de noite de verão, levando os espectadores à sua instalação "Submerged Motherlands" -uma pilha de material criada especificamente para aquele espaço, com duas plataformas sobre cantiléveres, aparentemente montadas com lixo; uma árvore, de tecido e arame, que se estendia à rotunda; e nichos com retratos em estêncil.

A multidão estava lá para a estreia de um filme e um concerto multimídia, que documentavam e foram inspirados pelo trabalho de Swoon nas plataformas. A audiência assistia com atenção, e Swoon, com seus cachos ruivos agitados, saltitava por toda parte, tirando fotos e observando a ocasião.

"Há aquela sensação que você tem ao ver alguma coisa que não compreende -a origem do deslumbramento", ela diz. "Isso traz uma espécie de inocência, que eu adoro. Adoro ser parte daquilo que faz com que momentos como esses aconteçam".

Desde que começou a colar imagens ilegalmente pela cidade, 15 anos atrás, Swoon inspirou muito deslumbramento. Caledonia Curry começou sua carreira como artista de rua, mas rapidamente conquistou a atenção dos marchands e dos curadores dos museus, que permitiram que ela se expandisse para as instalações e a arte performática, muitas vezes de tendência ativista ou progressista. Seus intricados retratos em papel cortado, muitas vezes afixados a paredes em locais deteriorados da cidade, foram concebidos para se desfazer, como que acompanhando a vida em torno deles. E o seu trabalho de inclinação mais social gira em torno de construir polos culturais para comunidades, dispersas mas interessadas em receber arte.

"Se você observar o trabalho de muitos de seus pares, o de Swoon se destaca", diz Sarah Suzuki, curadora associada do MoMA de Nova York, que adquiriu diversas peças de Swoon para seu acervo permanente em 2005. "Existe um aspecto de observação real naquilo que ela faz, documentando suas viagens e missões".

Em Nova Orleans, Swoon ajudou a criar uma favela na qual cada casa é um instrumento musical. Em Braddock, Pensilvânia, um cenário pós-industrial em deterioração, ela trabalhou em um centro de artes instalado em uma igreja abandonada. Depois do terremoto do Haiti, ela partiu para lá com uma equipe de voluntários para construir casas coloridas. Ao contrário de outros artistas de rua, o trabalho de Swoon "não se baseia no cinismo ou na crítica da cultura comercial", disse Suzuki. "Existe um cerne emocional ali".

Swoon, 36, investe a maior parte de sua renda em novos projetos.

A maior parte deles é financiada pela venda de suas obras, cujos preços atingem as dezenas de milhares de dólares. Se necessário, ela procura colecionadores diretamente para solicitar subsídios para eventos. "Penso em dinheiro como verbo", ela diz, "porque quando você o tem ele precisa sair ao mundo e fazer coisas".

Outros artistas em sua situação poderiam buscar patrocínio empresarial ou de marcas, mas não Swoon. Seu amigo, o artista francês JR, se declara impressionado com os princípios da colega. "O fato de que ela faça as coisas da maneira que faz, e lute para viver de seu modo, lhe confere completa liberdade como artista", ele diz.

Swoon emprega seis pessoas em seu estúdio, e muitas mais em seus projetos. A artista continua a viver no mesmo apartamento em Brooklyn que ocupa desde os 20 anos, e às vezes se preocupa sobre como pagar o aluguel mensal de US$ 1 mil.

Criada em Daytona Beach, Flórida, e conhecida pelos amigos e família como Callie, Swoon sempre foi batalhadora. Aos 10 anos, começou a fazer aulas de pintura; seus colegas de curso eram em sua maioria aposentados que pintavam paisagens marinhas e crepúsculos. Mas o talento dela era evidente. "Recebi encorajamento em escala épica, e tentei fazer jus a ele", diz Swoon.

No ensino médio, ela começou a vender quadros e cerâmicas aos professores. Em Brooklyn, estudou pintura no Pratt Institute.

Para Swoon, a arte é um caminho para processar mudanças monumentais, em nível global e pessoal. "Submerged Motherlands", encomendada depois do furacão Sandy, supostamente deveria girar em torno da alta do nível do mar; depois da morte de sua mãe, por câncer, Swoon se viu acrescentando novas imagens maternas. "Dawn and Gemma", um grande retrato de uma mulher amamentando uma criança, domina a entrada da instalação, conferindo à peça uma nova sensação, de acalanto e nutrição.

"Quando eu era menina, e dizia a mim mesmo que queria ser artista, tinha todos esse sonhos e esses pensamentos -como a coisa seria, o que eu faria", ela diz. "E sinto que excedi os meus sonhos mais loucos por um fator de, sei lá, cinco mil".

Agora, com projetos a aguardando em todo o mundo, ela diz que talvez possa fazer uma pausa para pensar, e descobrir "para onde está apontando a agulha de minha bússola".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página