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New York Times

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LIESL SCHILLINGER
ENSAIO

Livros revivem o Império Russo

Poder imperial russo pode não ter acabado

A nostalgia do Império Russo permanece em alguns círculos no século 21, quase cem anos depois da revolução bolchevique.

Desde 1991, quando Boris Ieltsin dissolveu a União Soviética, e nasceu a Rússia pós-comunista, as cúpulas em forma de cebola do país foram redouradas, surgiram "dachas" (casas de campo) de luxo e a prosperidade (pelo menos para alguns) atingiu alturas nunca vistas desde Pedro, o Grande.

Nesse clima, entram dois novos livros interessantes que lembram aos leitores as glórias passadas e o tumulto do império. Um é a história social "Former People: The Final Days of the Russian Aristocracy" [Ex-pessoas: Os últimos dias da aristocracia russa], de Douglas Smith.

O outro é "The Summer Palaces of the Romanovs: Treasures from Tsarskoye Selo" [Os palácios de verão dos Romanov: Tesouros de Tsarskoye Selo], um álbum lustroso de fotografias de Marc Walter, editado por Emmanuel Ducamp.

Com comentários inteligentes, o livro "Tsarskoye Selo" exibe os terrenos, os palácios, as fachadas e os interiores da propriedade de campo que Pedro, o Grande, comprou para sua esposa em 1710, e que Catarina, a Grande, reformou meio século depois. O Palácio Catarina, uma construção rococó com fachada azul-Sèvres e folheada a ouro, coloca Versalhes no chinelo. Lá dentro, uma sala reluzente é toda forrada de âmbar.

Quando terminou esse palácio, a imperatriz construiu outro (este no estilo neoclássico, para variar) para seu neto favorito, que governou a Rússia durante as guerras napoleônicas como czar Alexandre 1°. Pouco mais de um século depois, foi no Palácio Alexandre que Nicholas e Alexandra foram presos antes de serem levados para a Sibéria e assassinados pelos bolcheviques.

No século 21, muitos são versados em Tchaikovsky, em Tolstói e em vários czares e imperadores, mas poucos se lembram dos nomes outrora ilustres de Golitsyn e Sheremetev, cujas fortunas acompanharam as da Rússia imperial.

Na atraente reavaliação feita por Smith desse segmento apagado da sociedade russa, ele escreve: "Durante quase um milênio, a nobreza, o que os russos chamavam de 'belaya kost', literalmente 'ossos brancos', havia fornecido os líderes políticos, militares, culturais e artísticos da Rússia".

No último século, seus nomes foram sombreados por Lênin e Stálin, Khruschev e Brezhnev, Gorbachev, Ieltsin e, finalmente, Putin. Mas o nome do Aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, sugere a permanência dessa linhagem mais antiga.

"Former People" restaura a distinção dessa linha borrada com fotos evocativas de condes e de princesas em chapéus de pele e espadas ornamentais. Além disso, traz fatos e anedotas ricamente detalhados, dando a esse "tableau" social uma clareza renovada.

Smith indica que a queda do poder imperial russo pode apenas ter sido exagerada. Neste ano, cantoras da banda Pussy Riot foram julgadas por serem "baderneiras", e o mundo viu que, com ou sem czares, com ou sem bolcheviques, uma jovem que não anda na linha pode ser mandada para um campo de prisioneiros.


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