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Uruguai desponta na criaçao de games

Por SIMON ROMERO

MONTEVIDÉU, Uruguai - Para uma start-up que tem um videogame de sucesso para o iPhone, os escritórios da Ironhide Game Studio são o que se poderia esperar -equipes trabalham febrilmente em atualizações de software ao lado de uma máquina de pinball e um armário feito sob medida.

Mas a empresa, um sucesso no campo altamente competitivo de desenvolvimento de videogames, destaca-se de outras empresas "high-tech" por causa de sua localização não convencional, que frequentemente confunde as pessoas no exterior. "Elas perguntam educadamente: 'Onde fica o Uruguai?'", disse Álvaro Azofra, um dos três fundadores da Ironhide, a companhia por trás do Kingdom Rush, um jogo popular nos Estados Unidos que envolve um reino de desenho animado que é atacado por "yetis" e ogros.

Entre o Brasil e a Argentina e há muito tempo dependente da exportação de matérias-primas, o Uruguai talvez seja mais conhecido por suas criações de carneiros e bois. Mas a atenção está mudando para um número crescente de novas empresas que produzem videogames para computadores e dispositivos portáteis.

Os desenvolvedores indicam várias razões pelas quais o país pode competir com as maiores economias da América do Sul. Entre elas, a criatividade de seus engenheiros e artistas comerciais, suas regras relativamente brandas de imigração e o uso extenso de computadores nas escolas.

"É irônico porque, historicamente, o Uruguai detesta o empreendedorismo, mas não a cultura do empreendedorismo", disse Gonzalo Frasca, um teórico de videogames cuja empresa, a Powerful Robot, desenvolveu diversos jogos para clientes nos EUA.

Frasca, 40, comparou o ceticismo que persiste em relação à empresa privada no Uruguai, onde companhias em setores como telecomunicações, cassinos e até produção de uísque continuam sob o controle do Estado.

"Ainda temos escolas fortes de ciência da computação", disse Frasca, que é um pioneiro na indústria de jogos do Uruguai. "Quando as pessoas se formam, percebem que não têm opção senão se envolver com o resto do mundo."

Outras partes da América Latina estão acalentando seus próprios campos de desenvolvimento de jogos. O Chile, por exemplo, recentemente chamou a atenção quando o Atakama Labs, um desenvolvedor de jogos baseado em Santiago, foi adquirido pela companhia japonesa DeNA.

Estúdios de jogos também surgiram em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas seus desenvolvedores queixam-se de regulamentos fiscais complexos e de regras de trabalho que encarecem a contratação de empregados. Na Argentina, dezenas de start-ups desenvolvedoras de jogos foram fundadas em Buenos Aires.

O desenvolvimento de software no Uruguai evoluiu para uma indústria de US$ 600 milhões, fazendo do país o líder latino-americano em exportações de software per capita. Mas os salários dos desenvolvedores estão subindo rapidamente e tornando mais caro para as empresas novatas competirem no plano internacional.

Ainda assim, as leis de imigração do Uruguai oferecem vantagens. Estrangeiros contratados podem residir legalmente e trabalhar no Uruguai enquanto seus pedidos de visto de trabalho são processados.

Evan Henshaw-Plath, um americano entre os fundadores da companhia que se tornou o Twitter, mudou-se para o Uruguai em 2007 e fundou uma empresa de desenvolvimento de software que hoje tem empregados de países como Polônia e Equador.

"O Uruguai é um lugar extremamente aberto quando se trata de atrair talentos", disse.


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