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New York Times

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Estrela da oposição em Mianmar perde brilho

Por THOMAS FULLER

YANGON, Mianmar - Ela sofreu anos de prisão domiciliar e resistiu enquanto seu movimento político foi dizimado e seus colegas torturados. Mas, hoje, como líder da oposição de Mianmar no Parlamento, Aung San Suu Kyi está cortejando seus antigos carrascos.

Enquanto o país deixa lentamente o legado de cinco décadas de brutal ditadura militar, ele testemunha um minueto político entre o Exército e Suu Kyi, a defensora dos direitos humanos que se tornou política e luta para manter a relevância de seu partido desorganizado e fracionado -assim como o seu caminho para a Presidência.

Para seus críticos, os compromissos feitos por Suu Kyi estão prejudicando sua posição de "quase santa".

Ela tem se calado sobre a sangrenta campanha dos militares contra um grupo étnico minoritário armado e disse recentemente que "aprecia muito" os militares.

Os comentários foram ligados ao papel do Exército em libertar o país do regime colonial, mas o momento, quando os militares atacavam os rebeldes com aviões, irritou os seguidores de Suu Kyi. "Para o mundo exterior, nada mudou realmente. Ela é Suu Kyi e todas as coisas lindas que a acompanham", disse Josef Silverstein, um especialista em política birmanesa e professor emérito na Universidade Rutgers, em Nova Jersey. "Mas ela está basicamente se tornando irrelevante."

Em uma conferência da Liga Nacional para a Democracia, neste mês, Aung San Suu Kyi prometeu infundir o partido de sangue novo. "Se quisermos construir este país como uma verdadeira democracia, nós temos de mudar de comportamento, mesmo entre nós", disse.

A reverência por Aung San Suu Kyi em Mianmar é grande. Ela decidiu ficar no país mesmo quando seu marido britânico estava morrendo no exterior, temendo que os líderes militares que a mantinham presa não permitissem a sua volta.

Ela ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1991, mas só pôde recebê-lo no ano passado. "Ninguém ousa se manifestar na frente de Aung San Suu Kyi, e isso é muito ruim", disse U Win Tin, um membro destacado do partido. "Não é por medo, é por admiração."

Os seguidores notam que Suu Kyi está fazendo um cálculo cuidadoso ao se aliar com os ex-generais que dirigiram o país. Os militares e o partido governante formado por eles controlam a vasta maioria dos assentos no Parlamento e mantêm extensos interesses econômicos.

"Eu não gosto do Exército", disse U Kyi Win, um ex-prisioneiro político que hoje é delegado no Congresso do partido. "Mas, para o futuro de nosso país, temos de trabalhar com eles."

As mudanças no país dependeram de uma boa relação de trabalho entre o ex-general que dirige o país, U Thein Sein, e Suu Kyi.

Trabalhar com os militares é mais que um cálculo político. O pai de Suu Kyi, que foi assassinado quando ela tinha dois anos, foi o fundador do moderno Exército birmanês.

Suu Kyi defende sua relação com os militares dizendo que quer buscar um "compromisso negociado". Mas representantes de grupos minoritários a criticaram por se recusar a gastar pelo menos algum capital político para ajudar a resolver o conflito entre os rebeldes kachin e o Exército de Mianmar.

"Ela foi uma heroína nacional para nós. Agora apenas fala em nome de seu partido", disse Pu Zo Zam, uma das principais vozes dos grupos minoritários do país.

Analistas parecem concordar que Aung San Suu Kyi, 67, tem forte probabilidade de ganhar a Presidência em 2015. Mas o partido não tem administradores talentosos, está dilacerado por disputas internas e quase quebrado. O partido levantou dinheiro para causas de caridade entre empresários importantes que, durante os anos do regime militar, ajudaram a implementar os projetos da junta em troca de favores.

Mas a direção do partido diz que está desesperada.

"Neste momento, precisamos aceitar a ajuda de qualquer um", disse Kyi Win.


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