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Opinião

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Rugidos norte-coreanos

A Coreia do Norte deslanchou um novo ciclo de tensão na Ásia, com ameaças bélicas e restrições aos já limitados contatos e parcerias com a Coreia do Sul.

Apesar de a atual crise assemelhar-se a episódios anteriores -todos motivados por blefes-, a irracionalidade do regime totalitário de Pyongyang exige que a comunidade internacional leve a sério o risco de um conflito armado, que poria em linha de confronto as duas maiores economias mundiais, EUA e China. Nos últimos dias, a volatilidade só aumentou.

Provocações são quase diárias. Pyongyang bloqueou a entrada de cerca de 480 trabalhadores sul-coreanos no complexo industrial de Kaesong, mais importante projeto entre as Coreias, e voltou a ameaçar os EUA com mísseis atômicos (embora só possa alcançar, quando muito, bases americanas no Pacífico). Um dia antes, anunciara a intenção de reativar um centro de produção de armas nucleares.

Com pequena variação, todas as ações do atual ditador Kim Jong-un faziam parte da cartilha do pai, Kim Jong-il, para fazer chantagem e obter ajuda internacional ao país, incapaz de sequer alimentar a sua população miserável. Mas essa repetição não é garantia de novo apaziguamento: trata-se de um regime com pouquíssimo contato externo, centrado num forte culto à personalidade do ditador e sem nenhum espaço para dissidência.

Contribuem para a imprevisibilidade as movimentações militares dos Estados Unidos, a quem a Coreia do Norte ameaça reiteradamente. O Pentágono anunciou que antecipará a instalação de um sistema de defesa antimísseis na ilha de Guam, território dos EUA no Pacífico. Embora previsível, o incremento da presença americana na região torna o conflito armado um pouco menos improvável.

Preocupa ainda a aparente incapacidade da China de conter a Coreia do Norte. O anúncio da retomada do complexo nuclear de Yongbyon, desativado em 2007 após negociações impulsionadas por Pequim, revela que o regime norte-coreano não vê problema em constranger, diante da comunidade internacional, seu único aliado e principal provedor.

Nos últimos anos, Pequim tem enfatizado o diálogo com a Coreia do Norte, ao mesmo tempo que promove investimentos que busquem abrir mais o país ao mundo, via comércio. Mas a crise atual é um sinal de que isso não basta.

A China não tem toda a influência que se imagina sobre a Coreia do Norte, mas, sem exercer mais pressão do que fez até agora, só agrava a instabilidade.


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