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Opinião

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Sergio Machado Rezende

TENDÊNCIAS/DEBATES

Eduardo e a ciência e tecnologia

Como ministro, Eduardo Campos conseguiu aumento nas verbas para CT&I, fazendo o dispêndio na área chegar a 1,6% do PIB

Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) pleiteou a condução do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Em 2002, o presidente da sigla era Miguel Arraes --que, nas três vezes em que governou Pernambuco, deixou marcas importantes para a ciência. Uma delas foi a criação, em 1989, da Facepe (Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco), primeira fundação estadual de apoio à ciência do Nordeste, inspirada na Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Na reforma ministerial de janeiro de 2004, o então ministro Roberto Amaral foi substituído por Eduardo Campos, deputado federal e um dos líderes do governo na Câmara. Muitos cientistas viram a nomeação de Eduardo com certa desconfiança, afinal era um político desconhecido. Esta logo se dissipou, pois o novo ministro se cercou de membros da comunidade científica com experiência de gestão.

Após reuniões de planejamento estratégico no MCT, Eduardo promoveu debates com entidades representativas de cientistas e empresários, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências e a Confederação Nacional da Indústria. Isso resultou na Política Nacional de CT&I (Ciência, Tecnologia e Inovação) --que, posteriormente, norteou um plano de ação que marcou a história do MCT.

Ela tinha quatro prioridades: expansão do sistema de CT&I, inovação tecnológica nas empresas, CT&I em áreas estratégicas e para o desenvolvimento social.

Em todas foram alcançados resultados expressivos: um deles foi a Lei de Inovação, aprovada pelo Congresso em 2004, que criou mecanismos inteiramente novos para estimular a pesquisa e a inovação nas empresas; outro foi a Lei de Biossegurança, aprovada em 2005, definindo normas de segurança e mecanismos de fiscalização para atividades relacionadas aos organismos geneticamente modificados e autorizando pesquisas com células-tronco embrionárias.

Uma iniciativa fazia brilhar os olhos de Eduardo, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Criada em 2004, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em parceria com o Ministério da Educação, foi implementada pela Sociedade Brasileira de Matemática e o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada. Em três anos, a olimpíada já mobilizava mais de 18 milhões de jovens e 120 mil professores voluntários em todos os recantos do país.

Eduardo conseguiu do presidente Lula o compromisso de acabar com o rotineiro contingenciamento dos fundos setoriais para a ciência até 2010. Houve, então, grande aumento nas verbas federais para CT&I, fazendo o dispêndio nacional na área chegar a 1,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2010.

Uma semana antes do trágico acidente que o matou, Eduardo esteve na Academia Brasileira de Ciências, no Rio de Janeiro. Para uma plateia de cientistas e jornalistas, ele apresentou suas propostas para a ciência no Brasil. Assumiu o compromisso de reverter duas medidas negativas do governo atual: fazer o Fundo do Petróleo retornar ao MCT e deixar de contingenciar os fundos setoriais. Depois, respondeu perguntas durante mais de uma hora.

Com sua lucidez, clareza, habilidade, paciência e alegria, Eduardo convenceu a plateia que, em seu eventual governo, a ciência e tecnologia voltariam a ter um tratamento prioritário pela Presidência da República.


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