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Opinião

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Perde o contraditório

Debates constituem momento importante das disputas a cargos eletivos. Retiram os candidatos da ficção encenada na propaganda e os expõem, ao vivo e em cores, à apreciação dos votantes.

Considerando as armadilhas envolvidas nessa operação, mas cientes de que fugir do confronto traz alto preço político, as campanhas sempre buscam impor condições que lhes garantam controle sobre a situação. Todas estão interessadas em minimizar os riscos.

Pouco tempo para perguntas e respostas, por exemplo, diminui a chance de que o candidato se atrapalhe durante longos minutos discorrendo sobre um tema desconfortável. Facilita, além disso, que sejam utilizados discursos pré-fabricados, ensaiados e repetidos como se ali estivessem atores.

A própria legislação eleitoral força a fragmentação do debate, ao determinar que sejam convidados a participar do evento postulantes de todos os partidos que tenham representação na Câmara dos Deputados. Com sete personagens no palco, como foi o caso da disputa presidencial deste ano, cada um tem pouquíssimo tempo para desenvolver o raciocínio, que mal se oferece ao contraditório.

Mesmo quando um candidato contesta o outro, o eleitor continua sem saber quem tem razão. Por que confiar mais na tréplica deste do que na réplica daquele? Ambos têm parte na controvérsia.

Tem cabido à imprensa independente o papel de fiel da balança. Nos jornais dos dias seguintes e na internet, em tempo real, publicam-se reportagens que põem os devidos pingos nos "is". Seria possível ir além: o jornalista poderia, em uma réplica, indicar discrepâncias entre a resposta e os dados objetivos. As campanhas, porém, jamais autorizam o expediente.

Os jornalistas, ainda assim, mantinham participação importante no debate. Se candidatos procuram direcionar suas perguntas para temas ou abordagens que melhor servem às respectivas estratégias, jornalistas costumam buscar assuntos que importam ao público.

Nem isso ocorrerá, contudo, no debate a ser realizado entre o senador Aécio Neves (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT) no dia 16. Por exigência da petista, a participação dos jornalistas foi vetada.

Diante do retrocesso, esta Folha saiu da organização do encontro, que ficará a cargo da TV SBT, do portal UOL (empresa do Grupo Folha) e da rádio Jovem Pan. Os três veículos transmitirão o evento. Para o jornal, não faz sentido promover um debate em que não poderá interpelar os candidatos em nome de seus leitores.


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