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Opinião

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Mariza Leão

TENDÊNCIAS/DEBATES

O cinema independente atrapalha blockbusters?

não

Ao som das pernas pro ar

Dois filmes brasileiros protagonizaram um início promissor para 2013. De um lado, "De Pernas pro Ar 2", cuja extraordinária performance o levará a cerca de 5 milhões de ingressos. De outro, "O Som ao Redor", que arrebatou a crítica no Brasil e no exterior.

Ambos expressam a riqueza do cinema brasileiro e são motivos para comemorarmos a força de uma cinematografia que só avança. Portanto, estranho e lamento que proliferem comentários de desdém sobre um ou outro filme, como se a existência de um fosse uma ameaça ao outro.

Afirmações que desqualificam os valores de produção e talentos ligados às recentes comédias brasileiras mais dão conta de uma rejeição prévia do que de uma análise das obras em si. Não há gênero "menor": fazer rir é tão ou mais difícil do que fazer chorar, tão ou mais difícil do que fazer pensar. Todo e qualquer filme é um desafio.

Há longos anos na atividade, sempre aceitei as críticas. Mas críticas agressivas feitas por colegas de profissão me causam profundo mal-estar. Ao ter seu trabalho reconhecido, um cineasta deveria olhar para aqueles que também estão em busca de aplausos. Desmerecer o que é diverso do que fazemos alimenta uma autofagia irresponsável.

Quero aplaudir todos que se dedicam a construir uma cinematografia forte no Brasil.

Por sua natureza, o cinema é arte e também indústria. Anualmente são produzidas milhares de horas de material, distribuídas entre uma diversidade de gêneros e orçamentos. Esse mercado envolve bilhões de dólares -e o Brasil é um dos cinco maiores do mundo. Temos, sim, a responsabilidade de mantê-lo ativo, pois isso representa geração de empregos e até mesmo influi na balança comercial de nosso país.

A produção de "De Pernas pro Ar 2" levantou R$ 3,2 milhões de recursos federais incentivados. Seu custo total foi da ordem de R$ 12,5 milhões e seu lançamento contou com mais de 700 cópias, sendo exibido em praticamente 90% dos municípios brasileiros que dispõem de salas de cinema. O projeto envolveu cerca de 120 técnicos e 25 atores.

Segundo estudos feitos pela RioFilme, o longa gerou um PIB de R$ 66 milhões, pagou R$ 8,8 milhões de impostos federais, R$ 1,6 milhão de impostos estaduais e R$ 3,9 milhões de impostos municipais.

Para atingir esses resultados, foi necessária a participação de profissionais empenhados em tornar "De Pernas pro Ar 2" o filme com maior bilheteria do verão de 2013. Além dos distribuidores envolvidos, a participação da Globo Filmes -com seu know-how para que o filme tivesse a visibilidade compatível com suas ambições- merece ser destacada.

E não é possível entender o resultado dos filmes da "retomada" sem compreender o papel da Globo Filmes. Apoiando obras que vão de "Tropa de Elite 2" a "Anjos do Sol", de "Se Eu Fosse Você" a "Corações Sujos", de "Meu Nome Não É Johnny" a "5X Favela", a entrada da Globo Filmes no mercado representa uma conquista para o crescimento do cinema brasileiro. Há lugar para todos: filmes que ambicionam reflexões profundas e os que conquistam o espectador competindo com blockbusters estrangeiros.

Ao longo de quase 30 anos, produzi filmes de naturezas diversas. De "O Sonho Não Acabou" ao "Homem da Capa Preta", de "Meu Nome Não É Johnny" a "Apenas o Fim", de "De Pernas Pro Ar 1 e 2" a "Guerra de Canudos", espero que nos próximos anos eu consiga manter essa diversidade. E espero ainda poder encontrar em cada diretor, técnico, ator ou exibidor um aliado para levar adiante os meus sonhos.


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