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Condenado já prepara sua defesa na Itália
DO RIO ENVIADO ESPECIAL A ROMAUm pendrive com 9.000 páginas de documentos é o item que o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato considera mais importante na bagagem que levou em sua fuga para a Itália.
Pizzolato pretende usar os documentos para fundamentar sua defesa caso um novo processo seja aberto em território italiano para julgá-lo. Todo o material já está sendo traduzido para o italiano, de acordo com amigos do ex-diretor do Banco do Brasil.
Ontem a Procuradoria-Geral da República encaminhou ao Supremo Tribunal Federal um pedido no qual apresenta três opções: que o STF peça às autoridades italianas a extradição de Pizzolato; que ele cumpra na Itália a pena a que foi condenado; ou ainda que se peça à Justiça do país europeu um novo julgamento.
DOCUMENTOS
Dividido em nove capítulos, o dossiê de Pizzolato tem documentos apresentados por sua defesa durante o processo do mensalão e que foram desconsiderados pelos ministros do Supremo.
Pizzolato quer juntar a um eventual novo processo peças de dois casos que correram paralelos na Justiça Federal em Brasília e no próprio STF e que não foram anexados ao processo do mensalão.
O pendrive de Pizzolato tem ainda documentos da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Correios e outros que listam as atribuições da diretoria de Marketing do Banco do Brasil.
Para o ex-diretor, esses documentos provariam que as decisões a respeito do uso dos recursos da Visanet não eram tomadas por sua diretoria.
Em sua denúncia, o então procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza afirmou o oposto.
Aos amigos, Pizzolato vem dizendo que espera um julgamento justo na Itália e que os documentos que carrega provarão sua inocência.
FUGA
De acordo com os mesmos amigos, Pizzolato tomou a decisão de fugir do país após receber, mais uma vez, uma negativa do STF de analisar os embargos impetrados por sua defesa. Entre a decisão e a fuga, afirmam seus interlocutores, transcorreram-se apenas três dias.
Em uma das ocasiões em que houve negativa do Supremo, o ministro Joaquim Barbosa, presidente do tribunal, chegou a se irritar com a defesa de Pizzolato.
"É insistente o pedido do réu", disse, a respeito da solicitação de desmembramento do processo feito pelo advogado do ex-diretor do Banco do Brasil. Em sua defesa, Pizzolato afirma que os recursos do Banco do Brasil foram aplicados em campanhas publicitárias, e não desviados para o esquema.