Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Funai tem sede e carros incendiados em protesto no AM

Moradores de Humaitá se revoltaram após sumiço de 3 homens e culpam indígenas pelos desaparecimentos

Protesto de anteontem teve confronto com a polícia e obrigou índios a se refugiarem em unidade do Exército

JAIRO BARBOSA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO VELHO

Revoltados com o desaparecimento de três homens, moradores de Humaitá (AM), a 700 km de Manaus, atearam fogo na noite de anteontem a dois prédios, 13 veículos e três barcos usados por órgãos do governo federal no atendimento a índios da região.

O protesto violento começou por volta das 19h e tinha como alvo índios da etnia tenharim, que vivem em uma reserva próxima à cidade.

Os tenharim são acusados pelos moradores de Humaitá de serem responsáveis pelo desaparecimento do funcionário da Eletrobras Aldeney Ribeiro Salvador, do professor Stef Pinheiro de Souza e do representante comercial Luciano Ferreira.

Os três sumiram no último dia 16 durante uma viagem da cidade vizinha de Apuí para Humaitá pela BR-319.

Anteontem, 146 índios estavam no centro de Humaitá quando começaram a ser hostilizados. Acuados, decidiram se refugiar na base do 54º Batalhão de Infantaria de Selva do Exército, o que desencadeou a revolta da população.

Segundo a Polícia Militar, cerca de 3.000 pessoas participaram do protesto e entraram em confronto com a polícia. Usando galões com gasolina, os moradores atearam fogo na sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e incendiaram os carros estacionados no pátio.

Depois seguiram para as margens do rio Madeira, onde atearam fogo a três barcos de grande porte usados pela Funai para transportar índios da cidade para as aldeias.

A PM ainda tentou conter os moradores com balas de borracha e bombas de efeito moral, mas o efetivo reduzido obrigou os policiais a recuarem diante da multidão.

Cinco pessoas ficaram feridas no confronto. Elas foram atendidas no hospital local e liberadas em seguida.

Desde anteontem, a rodovia em que os três homens desapareceram está bloqueada pelos moradores.

Ontem, o superintendente da Polícia Federal em Rondônia, Carlos Manoel Gaya da Costa, disse que o clima na região é de "muita tensão".

Segundo ele, os índios "não são amigáveis" e limitaram a área de atuação dos agentes da PF na reserva.

"Eles dificultam o acesso da polícia à área e negam envolvimento no desaparecimento dessas pessoas", disse Costa. Ele afirmou que teme um confronto entre índios e não índios na região.

Foram enviados ontem a Humaitá homens da Polícia Federal, da Força Nacional, da Polícia Rodoviária Federal e das polícias Civil e Militar.

CACIQUE MORTO

Segundo Costa, moradores disseram à PF que viram os índios empurrando o carro onde estavam os desaparecidos.

Os moradores dizem acreditar que o índios sequestraram os homens como represália pela morte de um cacique tenharim, no início do mês.

Os indígenas dizem que o cacique Ivan Tenharim foi assassinado. Ele foi encontrado desacordado na estrada, sem capacete, ao lado de uma moto, e acabou levado a um hospital, mas não resistiu.

A PRF confirmou que houve um atropelamento, mas ainda não há suspeitos.

A Polícia Federal disse que instaurou um inquérito para apurar os desaparecimentos, que enviou policiais ao local no dia 19 para as buscas e que organiza uma operação para procurar os três homens.

A reportagem não conseguiu contato com a Funai em Humaitá. Em Manaus, a Funai informou que enviou uma equipe à região.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página