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Coronel nega versão oficial sobre o caso Rubens Paiva
Raymundo Campos confirma que ex-deputado foi torturado em 1971
Segundo depoimento, o major Francisco Demiurgo Cardoso ordenou a encenação do falso resgate do político
O depoimento de um coronel que atuou na ditadura militar (1964-85) corroborou informações de testemunhas, historiadores e ex-presos políticos de que o Exército montou uma farsa para justificar o desaparecimento do ex-deputado federal Rubens Paiva.
Segundo o "Jornal Nacional", o coronel reformado Raymundo Ronaldo Campos prestou depoimento à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, no final do ano passado, em que admite ter participado do que ele chamou de "teatro montado".
Rubens Paiva morreu após ser barbaramente torturado por militares, no Rio de Janeiro, em janeiro de 1971. Seu corpo nunca foi encontrado.
A versão oficial das Forças Armadas, sustentada ainda hoje, é de que Paiva desapareceu após seu carro (conduzido por militares que o escoltavam) ser cercado por dois veículos ocupados por guerrilheiros, que abriram fogo.
No meio do tiroteio, segundo essa versão, o ex-deputado teria saído do banco de trás do Fusca --que foi incendiado-- e desaparecido, após o resgate dos guerrilheiros.
Há inúmeros indícios que desmentem a versão do Exército. O ex-tenente médico Amilcar Lobo atendeu Paiva à época e disse que seu estado era crítico após as torturas.
De acordo com o depoimento de Raymundo Campos à Comissão da Verdade, ele --que à época era capitão-- recebeu ordens do major Francisco Demiurgo Santos Cardoso (já morto) para levar o carro até uma região inóspita do Rio e atear fogo para simular que o veículo fora interceptado por terroristas.
Campos afirmou ter conduzido o carro até o local onde ele foi queimado, no Alto da Boa Vista, no Rio. Ele disse que apenas participou do "cineminha armado pelo Exército", mas não soube do destino do corpo de Paiva.