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Funai deflagra hoje ação contra garimpeiros

Centenas de mineradores se instalaram no rio Uraricoera, em área de difícil acesso dentro da Terra Indígena Ianomâmi

Desde junho do ano passado, invasores ocupam uma base de vigilância instalada pela própria Funai

LEÃO SERVA COLUNISTA DA FOLHA

A Funai inicia hoje mais uma operação de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Ianomâmi, em Roraima. Nos últimos dias a entidade foi surpreendida pela presença de centenas de garimpeiros em balsas no Alto Uraricoera, afluente do rio Branco.

A nova onda de garimpo coincidiu com a ocupação, na virada do ano, de uma base de vigilância que a Funai tinha instalado em junho passado, para que viesse a ser ocupada pela Polícia Federal. A ocupação da base, no médio Uraricoera, franqueou o caminho aos mineradores.

A região onde estão as balsas é área de difícil acesso, parece ter sido escolhida tanto por ser rica em ouro quanto pela dificuldade para a repressão: é região entre duas serras, sem pistas de pouso aptas a receber aviões oficiais; e o rio tem muitas cachoeiras que dificultam a navegação.

Funcionários da Funai e do Bope, tropa de elite da Polícia Militar de Roraima, devem chegar às áreas de garimpo hoje, mas ao contrário das incursões mais recentes, em 2013 e em 2012, em que a polícia e o Exército permaneceram pouco tempo, a presença de agentes públicos deve se estender por cerca de um mês, preparando o terreno para a instalação da Polícia Federal na base invadida.

No último dia 29, durante sobrevoo na região do Uraricoera para visitar postos de saúde que os índios dizem estar sucateados, a Folha fotografou 21 balsas com as quais os garimpeiros dragam o fundo do rio em busca de ouro.

Cada balsa emprega em torno de 15 trabalhadores, aos quais se juntam cozinheiras e seguranças. Ao todo devem estar trabalhando na região cerca de 300 a 400 garimpeiros, segundo estima o coordenador da Frente de Proteção de Índios Isolados da Funai em Roraima, João Catalano.

Outro ponto foi detectado a cerca de 20 km dessa área, na região de Homoxi. Ali está um grande garimpo de barranco, com estrutura maior, e antena parabólica; segundo a Funai, deve empregar cerca de 40 pessoas. Em vez de dragar o fundo do rio, jatos de água são usados para desfazer barrancos de terra firme. A água barrenta é peneirada para buscar traços de ouro, purificados com o uso de mercúrio, metal tóxico.

Este acampamento é mais problemático porque está localizado a apenas 15 km do último grupo ianomâmi que vive completamente isolado.

Em 2012 a Polícia Federal realizou grande operação de combate ao garimpo, que indiciou 34 pessoas. Desde então PF e Funai trabalhavam com a ideia de que o garimpo estivesse restrito a uma presença marginal. A invasão da base nos feriados de Ano Novo e a presença surpreendente são sinais de força renovada da mineração ilegal.


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