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Réu do mensalão tucano assessorou Pimentel em ministério de Dilma
José Bicalho era presidente de banco que transferiu dinheiro a esquema, diz Ministério Público
Cedido pelo BNDES, ex-presidente do banco mineiro trabalha desde abril no Ministério do Desenvolvimento
Réu no processo do mensalão tucano, o ex-presidente do antigo Banco do Estado de Minas Gerais José Afonso Bicalho é assessor do Ministério do Desenvolvimento desde abril do ano passado, onde trabalhou com o ex-ministro Fernando Pimentel.
Bicalho foi contratado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e cedido ao ministério --forma de contratação usada desde 1995. O caso foi revelado na edição de ontem do jornal "O Globo".
No mensalão tucano, o grupo Bemge transferiu, quando Bicalho era presidente do banco, R$ 500 mil à SMP&B, agência do empresário Marcos Valério de Souza, segundo a Polícia Federal.
De acordo com o Ministério Público Federal, o dinheiro teria sido desviado depois para a campanha de reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998 ao governo de Minas.
As investigações apontam ainda que Marcos Valério teria feito empréstimos fraudulentos para justificar o uso do dinheiro na campanha, um esquema semelhante ao usado no mensalão do PT, caso que levou à condenação do publicitário mineiro no STF (Supremo Tribunal Federal).
Esse não é o primeiro caso de um envolvido no mensalão tucano que mantém proximidade com políticos. Outro réu do mesmo processo, o jornalista Eduardo Guedes deixou a assessoria que prestava ao senador Aécio Neves (PSDB), após a Folha revelar de que ele ainda atuava próximo ao pré-candidato à Presidência da República.
Guedes é réu em ação civil pública por improbidade administrativa movida contra Azeredo, que atualmente é deputado federal.
Procurado ontem, o ministério confirmou a contratação de Bicalho pelo BNDES. Segundo o ministério, o processo do mensalão tucano está em curso e "é preciso aguardar o seu desfecho e evitar pré-julgamento".
Procurado, Bicalho não respondeu até a conclusão desta edição.
PEDIDO DE PRISÃO
A Procuradoria-Geral da República pediu na semana passada ao STF que Azeredo seja condenado a 22 anos de prisão e ao pagamento de multa de mais de R$ 2,2 milhões por sua participação no mensalão tucano.
De acordo com a acusação, foram desviados sob forma de patrocínio de eventos esportivos cerca de R$ 3,5 milhões (cerca de R$ 9,3 milhões em valores atuais) do Bemge e das empresas públicas Comig e Copasa. Azeredo sempre negou participação no esquema apontado pelos investigadores. Ele afirma haver "contradição entre o relatório da Procuradoria e as provas apresentadas".
No STF, existem ao menos dois processos sobre o suposto desvio de recursos públicos em Minas. Além da ação contra Azeredo, o segundo investiga o senador Clésio Andrade (PMDB-MG), então candidato a vice na chapa de Azeredo. Outros processos sobre o caso estão em andamento em instâncias inferiores da Justiça mineira.