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Protesto divide frequentadores de bar e revolta gari

DE SÃO PAULO

Do lado oposto ao largo do Batata, as portas amplas do boteco Guela Seca (com "u" mesmo) e o fim de tarde estimulavam a sociologia de bar dos que apenas observavam mais uma manifestação.

Tomando uma cerveja no balcão, o jardineiro José Soares, 41, vociferava: "Se eu fosse o prefeito, dava gesso para todos amanhã e quebrava a perna deles hoje. Vagabundos, ninguém trabalha aí."

"O melhor protesto é não votar no dia da eleição", propôs Soares várias vezes a quem se dispunha a ouvir.

Mais à frente, dividindo uma mesa na beira da calçada, as amigas Ana Carolina Grignet, 24, e Veruza Neves, 31, manifestaram apoio aos protestos contra a Copa.

"Tem de parar essa porra mesmo", disse Grignet, animadora gráfica, enquanto batia a mão na mesa.

"A oportunidade da Copa é legítima. Depois, vai ser a mesma merda de sempre", concordou Neves, dona de um bar na zona leste.

A única divergência era sobre a forma do protesto. "É errado prejudicar as pessoas", disse Neves. "Mas aí não chama a atenção. Tem de causar, gata", rebateu a amiga.

Já a dona do Goela Seca, Maurinita dos Santos, exibia um sorriso de orelha a orelha. "Tem de ter mais protesto, a gente vende muito mais", conta --sua estimativa é que tenha faturado 70% extras.

Do outro lado da avenida Faria Lima, quando a marcha já havia partido, o cenário era bem mais desolador.

"Olha aí o tanto de lixeira vazia. Fizeram questão de jogar no meio da rua, na calçada", reclamou o gari Josinal Herculano, 39.

Diz que os PMs tampouco ajudam, jogando no chão o resto de kits de lanche. "Uma vez, fizeram pior que os manifestantes. Como é que pode ter Copa num país deste?"


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