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Foco da PF, deputado buscava projeção

Luiz Argôlo trocou o PP pelo SDD para ter mais destaque, mas, segundo colegas, esbarrou na própria ganância

Interceptações indicam que ele e o doleiro Alberto Yousseff, preso na Operação Lava Jato, trocaram 1.411 torpedos

ANDRÉIA SADI DE BRASÍLIA

Deputado federal em primeiro mandato, João Luiz Correia Argôlo era um rosto anônimo nos corredores da Câmara até o mês passado.

Com pouca atuação na Casa, mas ambicioso na política, o parlamentar de 33 anos deixou o PP da Bahia pelo recém-criado Solidariedade (SDD) em busca de destaque.

Na antiga sigla, reclamava dos caciques Mário Negromonte e João Leão, obstáculos em seu reduto.

Migrou. Mas, antes de decolar na nova casa, esbarrou na própria ganância, relatam colegas. "Ele queria crescer rapidamente, viu que Youssef tinha relação com algumas pessoas do PP e deve ter achado que era um cara que poderia ajudá-lo a subir", avalia um colega do PP.

Youssef é Alberto Youssef, o doleiro que foi preso pela Operação Lava Jato em março acusado de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.

Durante as investigações, a Polícia Federal interceptou 1.411 mensagens trocadas entre o doleiro e um usuário identificado como L.A.

A situação de Argôlo piorou com a divulgação de conversas mostrando relação de intimidade. Falavam de família, combinavam encontros e depósitos financeiros.

Para a PF, os indícios apontam que Argôlo era "um cliente dos serviços prestados por Youssef, por vezes repassando dinheiro de origem aparentemente ilícita, intermediando contatos em empresas, recebendo pagamentos, inclusive tendo suas atividades operacionais financiadas pelo doleiro".

A colegas, Argôlo diz que se houver julgamento, e não linchamento", ele provará inocência. Ele nega irregularidades, diz que tinha negócios com Youssef e que vendeu um terreno ao doleiro para ajudar a pagar dívidas.

'BOM MENINO'

Para reforçar sua defesa, o deputado levou seu pai, Manoelito Argôlo, a um encontro com Paulinho da Força (SP), presidente do SDD. O pai reiterou que Argôlo era um bom menino''.

O segundo nome de Argôlo, Luiz, é uma homenagem ao rei do Baião, Luiz Gonzaga, que era amigo de Manoelito. O chefe de gabinete de Argôlo, Vanilton Bezerra, diz que o músico foi padrinho de batismo de Argôlo e frequentava a fazenda do pai do deputado, em Entre Rios (BA).

"Ele compôs várias músicas para o amigo. Você já ouviu aquela Manoelito, cidadão? É para ele", afirma.

Bezerra define o chefe como um jovem agitado, de bom coração e festeiro''. Garante que ele é querido entre artistas baianos, como Ivete Sangalo e Bell Marques.

A Folha fez vários pedidos de entrevista com Argôlo e seu pai, mas não obteve resposta de sua assessoria.


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