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A Copa como ela é

Selfie da greve

Passageiros usam fotos para provar aos chefes que paralisação os impediu de ir ao serviço; sem Metrô, ônibus ficam superlotados

DE SÃO PAULO

Usada normalmente por diversão nas redes sociais, a "selfie" serviu de prova para mostrar ao chefe que o atraso ou a falta no trabalho nesta quinta (5) foi culpa da greve dos metroviários.

Foi a "selfie" da greve.

"A foto é uma justificativa, mas ainda assim vou ficar esperto para o caso de liberar [o Metrô] depois", disse Evânio Araújo de Lima, 22. Analista de suporte de uma empresa na avenida Paulista, ele estava preso, na manhã de ontem, na estação Jabaquara, na linha 1-azul. O temor dele era ter o dia descontado.

Também no Jabaquara, a assistente de engenharia Caroline Celebroni, 21, tirou foto para "postar no Facebook, mandar para o meu chefe, para todo mundo". Ela decidiu voltar para casa pois daria uma "volta na cidade" se tivesse que usar o ônibus para chegar ao trabalho, na Consolação (região central).

Andressa Reis, 18, operadora de telemarketing, usou o mesmo expediente para dar satisfação para o chefe. Ela não sabia da greve no metrô.

EFEITO FUNIL

Sem o Metrô --que a cada dia carrega uma em cada três pessoas no transporte público da cidade--, restou aos trabalhadores se espremer em ônibus lotados, tirar o carro da garagem ou recorrer ao transporte clandestino.

Com todo esse contingente nas ruas, a cidade entupiu.

"Não há sistema viário para colocar tantos carros na rua", diz Horácio Figueira, consultor em transporte e contrário à greve dos metroviários. O resultado de tantos carros nas ruas é o "colapso", diz.

Evair Morais, 42, que conserta aparelhos eletrônicos, levou três horas e meia para ir de casa, em Itaquera (zona leste), até o trabalho, no Sumaré (zona oeste). O percurso leva uma hora e meia em um dia comum.

Ele usou o trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), cujos funcionários não pararam, para se deslocar. Ainda assim, teve que andar a pé por mais de três quilômetros.

"A guerra foi feia hoje. O duro é que a chefia ainda vai reclamar, porque eles falam que pagam nosso dia de trabalho das 8h às 17h30."

Na estação Itaquera, dois motoristas a serviço de uma empresa de call center andavam com placas para achar funcionários que não haviam conseguido embarcar. Até as 6h40, só cinco apareceram.

SEM DINHEIRO

Depois de pegar o trem da CPTM em Guaianases (zona leste), onde mora, o estagiário de direito Leandro Albuquerque, 20, soube só na estação Brás que o Metrô não iria até onde precisava chegar. Ele não sabia da greve.

Leandro desce na estação Penha, que estava fechada -- a linha 3-vermelha funcionou entre as estações Marechal Deodoro e Tatuapé, o que não lhe atendia. "O jeito é ir para casa. Não dá pra pegar busão'. Tenho grana para um transporte só."

No Jabaquara (zona sul), a auxiliar operacional Tamires Barbosa, 20, achou que o metrô funcionaria no horário de pico, como mandou a Justiça. Mas a decisão foi desrespeitada pelos metroviários. "É uma humilhação isso aqui." Ela tentava pegar um táxi, mas a fila estava imensa.

Por R$ 5, era possível ir do Jabaquara até a estação Santa Cruz, na linha 1-azul, em vans, carros e mototáxis, todas atividades proibidas.


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