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Marqueteiro vai usar Lula todo dia na TV para respaldar Dilma
PT aposta em potencial de transferência de voto do ex-presidente
Pelos desenhos atuais das propagandas elaboradas pelo marqueteiro João Santana, o programa eleitoral de TV de Dilma Rousseff contará com a presença diária de Luiz Inácio Lula da Silva.
Petistas apostam na "overdose" do ex-presidente da República para, de um lado, explorar o maior cabo eleitoral do país e, de outro, aglutinar o voto do eleitor do PT, hoje mais resistente à presidente.
Trata-se de uma estratégia para pegar carona no potencial de 60% de transferência de votos do petista. Conforme pesquisa do Datafolha, 36% dos entrevistados declaram que votariam "com certeza" no nome indicado pelo ex-presidente. Outros 24% afirmam que "talvez" sigam sua recomendação de voto.
A cúpula da pré-campanha de Dilma não vê nenhum empecilho em "usar e abusar" da imagem do padrinho.
O ânimo difere do ocorrido durante as eleições de 2010. Naquele ano, houve temor de que o uso excessivo do então presidente na TV passaria a sensação de tutela.
Na reta final daquele primeiro turno, Lula foi tirado da TV. A decisão, porém, não foi pacífica. Hoje, integrantes da então equipe eleitoral dizem que o "exílio" de Lula explica o fato de Dilma não ter vencido no primeiro turno.
A avaliação revela certo exagero. Isso porque, às vésperas do primeiro turno de 2010, era muito forte a diáspora de votos de religiosos, evangélicos e católicos.
O governo e as demais campanhas presidenciais deste ano se surpreenderam com a pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira.
Além do alto grau de pessimismo com a economia, chamou a atenção o desalento recorde da população.
REAÇÕES
O total de eleitores que não sabe em quem votar e os que pretendem votar branco ou nulo ou em nenhum candidato chegou a 30%, o maior patamar desde 1989.
Todos os pré-candidatos tiveram variação negativa, sendo as maiores a de Eduardo Campos (PSB-PE), 4 pontos, e de Dilma, 3 pontos.
O resultado gerou um baque no PSB, que não esperava declínio, e tensão no Palácio do Planalto, que apostava na interrupção na tendência descendente de Dilma após altíssimos investimentos do governo em entrevistas da petista, pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, programa partidário do PT e, sobretudo, publicidade governamental.