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Análise

Clima de 'Maracanazo' social toma conta do país

Crise de representação se manifesta nas taxas recordes de eleitores que não têm candidato nem sigla de preferência

MAURO PAULINO DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA ALESSANDRO JANONI DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

Junho de 2014 emula o de 2013. A crise de representação novamente se manifesta nas taxas recordes de eleitores que não têm candidato para presidente da República e de entrevistados que não declaram um partido político de preferência.

Ironicamente, movimentos sociais e sindicais levam o governo do PT, partido que tem sua origem "nas ruas", a conhecer um de seus mais elevados patamares de reprovação, equivalente apenas aos observados depois das denúncias de Roberto Jefferson sobre o "mensalão", em 2005.

Em um mês, os brasileiros foram expostos a diversos episódios de contestação social. Das cenas de violência e saques por conta de greve de policiais, ao desespero de usuários de transporte público, além dos constantes protestos contra a Copa, motivos não faltaram para que a sensação de insegurança se instalasse no imaginário dos brasileiros.

E dessa vez a organização dos movimentos fez a diferença, alcançou e prejudicou diversos segmentos da população, inclusive a maioria que costuma acessar serviços públicos, estratos que nas últimas eleições descarregaram votos em Lula e Dilma.

A constatação do fraco desempenho econômico, especialmente na indústria, alimenta ainda mais o medo e lança dúvidas sobre o futuro do emprego, da inflação e das reais condições econômicas do país. O pessimismo neste momento é recorde em setores importantes da opinião pública, especialmente nos centros urbanos.

O exemplo que melhor ilustra esse clima é o de São Paulo. O Brasil acompanhou ao vivo o martírio da população na maior cidade do país nos últimos meses.

Os reflexos da paralisação de professores da rede municipal, a greve surpresa dos motoristas de ônibus, as manifestações dos movimentos por moradia, a greve de metroviários, a ameaça de racionamento de água e os protestos contra a Copa geraram um cotidiano atípico, sobretudo para moradores da periferia.

Com um pessimismo econômico maior do que a média, não é à toa que 32% dos paulistanos dizem que votarão em branco ou anularão o voto em outubro, taxa que é de 17% entre os brasileiros.

Na capital, tanto Dilma quanto Aécio têm 21% das intenções de voto, cada um, e a presidente é aprovada por apenas 19% -- índice que chega a 41% no Nordeste. Entre os paulistanos Joaquim Barbosa é melhor cabo eleitoral do que Lula.

Às vésperas da Copa o estado de ânimo dos brasileiros provoca um grau de interesse menor pelo evento do que em ocasiões anteriores. Ainda assim a maioria demonstra orgulho da seleção e vergonha das manifestações.

Uma Copa bem organizada e a seleção vitoriosa surgem como saídas para amenizar esse clima de "Maracanazo" social que toma conta do Brasil. Por enquanto, governo e oposição não têm motivos para comemorar.


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