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Eleições 2014

Voluntário, mas nem tanto

Simpatizante do PSB põe Marina Silva em saia justa ao revelar que esperava receber 'unzinho' por apoio

MARINA DIAS MOACYR LOPES JUNIOR DE SÃO PAULO

"O cara é da roça, mas vocês têm que saber trabalhar." Com metade do corpo para dentro do carro onde estava Marina Silva e dois assessores, o líder comunitário José Ângelo da Silva, o "Pernambuco", tentava justificar a origem do constrangimento criado minutos antes, durante inauguração de um comitê voluntário da campanha de Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República.

Dono da casa que abrigou a estrutura em Osasco, na Grande São Paulo, Edivaldo Manoel Sevino disse nesta segunda-feira (28), em gravação feita pela equipe de Campos e Marina, que "esperava receber unzinho" pelo gesto.

Na filmagem que seria usada no site da candidatura, Edivaldo é perguntado sobre o que o convenceu a fazer de sua residência uma "Casa de Eduardo e Marina", ponto voluntário de distribuição de material de campanha.

"Pode falar?", perguntou por duas vezes. Encorajado, disparou: "Esperava receber unzinho". E sorriu, completando a frase com o gesto de contar dinheiro com as mãos.

"Pernambuco", que teria feito a oferta, apressou-se a corrigir: "É porque na minha casa não cabia". "É, na dele não tinha espaço", repetiu Edivaldo, que divide três cômodos na comunidade do Jardim Aliança com a mulher, Maria da Paixão, e dois filhos.

Defensora do engajamento político espontâneo e das "casas autorais" de Eduardo e Marina, a candidata a vice na chapa presidencial ficou atônita ao ser informada por Nilson Oliveira, seu assessor de imprensa, sobre a declaração feita diante das câmeras da campanha. "Isso é muito grave", afirmou pouco antes de entrar no carro e ser abordada por "Pernambuco".

O líder comunitário foi candidato a vereador pelo PMN em 2012. Com 610 votos, não conseguiu se eleger, mas conheceu Reinaldo Mota, então candidato a prefeito pelo partido e hoje na briga por uma cadeira de deputado estadual pelo PSB. Juntos, foram responsáveis pela casa de Eduardo e Marina em Osasco.

Ao lado da ex-senadora, porém, Mota disse que "Pernambuco" não trabalha em sua campanha e classificou a promessa de pagamento a Edivaldo como "absurda". Minutos depois, enquanto conversava com um assessor, Mota disse que "uma liderança deu R$ 10 para ele [Edivaldo] comprar Coca-Cola e aí criou confusão". Na casa de Edivaldo, uma pequena mesa foi montada com duas garrafas de Pepsi e uma de Fanta laranja, além de copos descartáveis. Todos intocados.

Ao lado das bebidas, a mulher de Edivaldo admirava os candidatos. Questionada sobre em quem havia votado em 2010, Maria da Paixão disse: "Nele... Não, não, nela".

Após a confusão, Marina seguiu para uma caminhada pelo centro de Osasco e, desconfortável, decidiu falar do ocorrido: "Não trabalho dessa forma, nunca fizemos esse tipo de coisa, e isso nem pode, de acordo com a lei".

A ex-senadora afirmou ainda que havia ficado "emocionada" ao saber que Edivaldo e sua mulher tinham aberto mão de um dia de trabalho para receber os candidatos e disse que as pessoas "estão acostumadas com outro padrão de campanha": "Depois tive a notícia que, quando se fez a pergunta para ele [Edivaldo], ele fez um gesto insinuando a expectativa [de receber dinheiro]. Se ele tem essa expectativa, é frustrada".

Marina pediu a Mota e a sua assessoria que apure o caso. Campos não assistiu à declaração de Edivaldo e ficou sabendo da saia justa horas depois, via assessoria.


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