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Weber dava ordens em nome de Adams, afirmam servidores

Adjunto dizia a funcionários que pedidos tinham sido feitos pelo próprio ministro

ANDREZA MATAIS DE BRASÍLIA

José Weber Holanda, servidor da Advocacia-Geral da União flagrado em esquema de corrupção, dava ordens em nome do ministro Luís Inácio Adams quando atuava como seu braço direito na AGU, segundo afirmam dois servidores do órgão.

Ambos relataram à Folha que atenderam a pedidos de Weber que agora estão sendo questionados porque ele dizia que era uma demanda do ministro. "Manda logo que o ministro está pedindo", disse a Rafaelo Abritta, chefe do setor que trata de assuntos extrajudiciais, sobre a forma como Weber fazia os pedidos.

Weber agilizou decisão sobre a entrada da AGU como parte num processo em discussão no Tribunal de Contas da União envolvendo a empresa Tecondi e que está em análise na área de Abritta.

Segundo investigações da Polícia Federal, o grupo teria comprado pareceres para ampliar sua área no porto de Santos. Pelos trâmites normais, o despacho sobre o assunto só deveria chegar ao gabinete de Adams após a análise de um comitê interministerial que se reúne só quando há demandas acumuladas, a não ser que haja algo urgente, que não era o caso.

Weber procurou Abritta para saber se era possível pular essa etapa e acelerar a decisão. Ao ser informado de que não era imprescindível ouvir o comitê, no mesmo dia ele pediu o processo, coletou a assinatura do ministro Adams e encaminhou a decisão para ciência do TCU.

"Mandei de manhã e à tarde voltou o processo já assinado. Ele dizia que o ministro queria declarar a União no processo." O servidor se diz indignado: "O que nos deixa perplexos é que era uma pessoa que se articulava com toda instituição".

Ele disse que não estranhava o pedido de Weber porque "ele era responsável por despachar com o ministro. Qualquer pedido não soaria estranho". Arnaldo Godoy, chefe da consultoria, afirmou que atendia às demandas de Weber porque ele dizia que eram pedidos do ministro.

Godoy assinou outro parecer de interesse da quadrilha no qual define que cabe ao ministro dos Transportes e não à presidente da República decidir sobre empreendimentos em área da União.

Segundo Godoy, Weber o usava o argumento que o "ministro está pedindo." A investigação da PF apontou que Weber repassou para o esquema cópia de parecer sobre o assunto que estava em discussão na área de Godoy.

Paulo Vieira, então diretor da Agência Nacional de Saúde, encaminhou de volta o texto reformulado. A Folha teve acesso às duas versões. De 63 parágrafos, 17 coincidem. Godoy disse que os itens de redação igual são cópia do pré-parecer que ele estava elaborando e que Weber repassou ao esquema.

Adams disse que Weber tinha autorização para falar em seu nome, mas não para extrapolar suas funções.


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