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Braço direito de Gerdau fez pressão para governo contratar consultoria

Empresa foi ligada ao hoje chefe da Câmara de Gestão da Presidência

BRENO COSTA FILIPE COUTINHO DE BRASÍLIA

O braço direito de Jorge Gerdau Johannpeter na Câmara de Gestão da Presidência pressionou para que uma consultoria que foi ligada ao empresário ganhasse contratos sem licitação no governo federal, segundo e-mails aos quais a Folha teve acesso.

A consultoria, chamada então INDG (Instituto de Desenvolvimento Gerencial), hoje Falconi Consultores e Associados, foi a única contratada a partir de recomendações feitas pela câmara, que tem o empresário no comando. Ganhou ao todo contratos de R$ 59,9 milhões de ministérios e estatais.

Segundo os documentos, o empresário era mantido a par das gestões a favor do INDG feitas por seu número 2 na câmara, o secretário-executivo Cláudio Gastal, assim como da rotina da empresa.

O INDG ganhou esses contratos sem licitação, por notória especialização. Outras empresas de consultoria trabalham para o governo, nenhuma a partir das recomendações da Câmara de Gestão.

Os contratos foram feitos com os ministérios de Saúde e Justiça, centralizados no Planejamento (R$ 14,4 milhões), e com os Correios (R$ 29,4 milhões) e a Infraero (R$ 16,1 milhões).

No Planejamento, Gastal relata em e-mail enviado para a cúpula do INDG e para Gerdau ter "pressionado" Válter Silva, secretário-executivo da pasta, que segundo ele via a contratação com ressalvas pela falta de licitação.

Nos Correios, o INDG foi indicado em reunião oficial entre a cúpula da estatal, Gerdau e Gastal. Já na Infraero, o empresário enviou um ofício à estatal sugerindo que fosse adotada "estratégia semelhante" à do ministério.

Gerdau integrou o conselho de administração do INDG de 2006 a 2011, chegando a presidi-lo a partir de 2009. Desligou-se após receber convite da presidente Dilma Rousseff para assumir a câmara criada por ela para melhorar a gestão pública.

Empresa com fins lucrativos, o INDG existe desde 2003 e foi responsável por elaborar o chamado "choque de gestão" do governo Aécio Neves (PSDB-MG). Tem sede em Nova Lima (MG) e conta com mais de mil consultores.

Foi criado por Vicente Falconi, ainda hoje dono da empresa. Teve receita de R$ 205,7 milhões em 2011 e tem como clientes governos estaduais, prefeituras e, principalmente, o setor privado.

A saída de Gerdau do INDG evitou conflito de interesses com a nova função, que não é remunerada, assim como a câmara não tem orçamento. Não há ilegalidade do ponto de vista do Código de Conduta da Presidência.


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