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Análise

Em busca de apoio, Dilma se converte à lógica do antecessor

VERA MAGALHÃES EDITORA DO PAINEL

Antônio de Melo, o Tonho, é primo do ex-presidente Lula e acha que ninguém se elege sem seu apoio. Seu irmão Gilberto, porém, fez uma ressalva ao repórter Daniel Carvalho, na Folha de domingo: "Estou achando a Dilma melhor que o Lula, tem mais pulso. Até tirar ministro ladrão, safado, tem feito mais".

Direto de Caetés, agreste de Pernambuco, Gilberto elogia a característica da presidente Dilma Rousseff comumente apontada como uma das razões de seu sucesso no Sul-Sudeste, junto à classe média antes refratária ao PT: sua suposta baixa tolerância ao fisiologismo e à corrupção.

Acontece que, com a mexida ministerial que promoveu na semana passada, calculada apenas para contentar partidos que devem integrar a coalizão para sua reeleição, Dilma pode ter varrido para debaixo do tapete não mais a sujeira, mas o efeito positivo para sua imagem da "faxina" que teria promovido em 2011.

Arrisca-se, assim, a abrir mão de sua única marca distintiva em relação a Lula, responsável por sustentar sua popularidade mesmo com a economia em ponto morto.

Desde que foi lançada pelo antecessor à reeleição, Dilma dedica energia ao que parecia abominar: o xadrez para contentar uma base aliada heterogênea e cada vez mais ávida por posições de poder.

Na última semana, ela recebeu Gilberto Kassab, que, com a habilidade característica, lhe deu um cheque pré-datado para 2014; reabilitou o grupo do "faxinado" Carlos Lupi para segurar o PDT; tentou acomodar, ainda sem êxito, o PR do mensaleiro Valdemar Costa Neto, e ampliou o espaço do PMDB no governo.

O problema é que, por não ser uma política nata, Dilma corre o risco de desagradar a gregos sem fidelizar troianos.

Kassab ganhou tempo para analisar o cenário eleitoral sem se comprometer com a reeleição. E o PR dá sinais de que não aceita o "dote" que lhe foi oferecido para renovar os votos em 2014: duas estatais, mas nenhum ministério.

No início do governo, os políticos se queixavam do pouco prestígio que tinham no Planalto, mas se calavam diante da aprovação da presidente nas pesquisas, graças justamente à fama de "faxineira" e gestora competente que faria a economia bombar.

Às portas da eleição, com indicadores econômicos não mais tão auspiciosos e o varejo político a toda, resta saber se os que aprovavam o que Dilma tinha de diferente de Lula aceitarão sua conversão à lógica do antecessor.


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