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Ribeirão

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Quase 90% dos baleados em Ribeirão têm de 13 a 25 anos

Dez das 27 vítimas de tiroteios nessa faixa etária morreram desde setembro

Todas levaram tiros de homens que estavam em motos ou em carros de cores escuras nas zonas norte e oeste

DANIELA SANTOS DE RIBEIRÃO PRETO

Quase 90% das vítimas da mais recente onda de violência que afeta Ribeirão Preto são jovens com idades entre 13 e 25 anos. Levantamento da Folha mostra que, dos 32 baleados desde setembro na cidade, 27 estão dentro dessa faixa etária.

Todos os casos têm as mesmas características: as vítimas foram baleadas por homens em motos ou em carros de cores escuras em bairros periféricos localizados nas zonas norte e oeste.

Dos 32 baleados, 14 morreram -sendo dez jovens. Entre todas as vítimas com 25 anos ou menos, 13 não tinham passagem policial (incluindo seis assassinadas). Das 14 que tinham, tráfico de drogas aparece na maioria dos antecedentes -está na ficha policial de 11 deles.

A onda de violência que atinge todo o Estado começou em setembro. Na região, além de Ribeirão, estão nas estatísticas São Carlos e Araraquara, que registraram chacinas de sete e cinco pessoas, respectivamente.

'ESQUADRÃO DA MORTE'

Esse cenário de violência vitimando jovens em Ribeirão só não é maior do que a "guerra de gangues", registrada nos bairros Adelino Simioni, Avelino Palma e Quintino Facci 2 -todos na zona norte-, entre 1998 e 2001.

À época, o Ministério Público chegou a apurar a existência de um "esquadrão da morte", que supostamente visava envolvidos com o tráfico -a grande maioria jovens.

Entre 1998 e 2001, o índice de assassinato chegou a 47 para cada grupo de 100 mil habitantes. Neste ano, a taxa é de 10 para cada 100 mil, segundo o promotor Luiz Henrique Pacini Costa.

Para ele, os jovens são a maioria das vítimas porque também são os maiores infratores. "Eles são mais expostos, inconsequentes. [Por isso] São os que morrem de forma mais violenta."

O pesquisador Nelson Gonçalves de Souza, especialista em segurança pública da Universidade Católica de Brasília, diz que os jovens são as principais vítimas porque buscam a criminalidade em troca de status em facções.

"Está fácil para o crime organizado recrutar jovens porque eles cometem qualquer delito. E a pena máxima para as infrações cometidas por eles não passa de três anos."

Já a advogada especializada em direito da infância Ana Paula Vargas Mello, afirma que os jovens que vivem em áreas periféricas são, em grande parte, analfabetos. Segundo ela, numa sociedade competitiva, eles não encontram espaço no mercado de trabalho. Por isso, diz Ana, entram na criminalidade.


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